Título: Relatório chama de 'farsa' tese de empréstimos
Autor: Eugênia Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/11/2005, Nacional, p. A10

Uma manobra do governo impediu ontem a votação do relatório parcial apresentado na CPI dos Correios, que pediu indiciamento do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza por tráfico de influência, crime de falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, fraude em licitação, crime eleitoral por uso de caixa 2 e improbidade administrativa. Em 52 páginas, o relatório acusa os dois de desviarem recursos públicos para financiar o PT e a base aliada. Elaborado pelo relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), e pelo sub-relator de Movimentação Financeira, deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), o documento considera "uma farsa" a tese de aliados do governo de que o dinheiro recebido pelo PT foi fruto de empréstimos de R$ 55 milhões feitos por agências de Valério.

Os aliados do governo pediram prazo para analisar o texto - adiando a votação - e acusaram os relatores de parcialidade, por só descreverem operações a partir de 2003, ignorado operações envolvendo o PSDB.

O pedido de indiciamento será encaminhado ao Ministério Público só depois da votação do relatório, em dez dias. Sem mencionar o termo "mensalão", o relatório afirma que os empréstimos feitos por Valério eram esparsos, "enquanto a distribuição dos recursos era feita de forma sistemática e ao longo dos meses". "Não era um empréstimo bancário e um posterior repasse ao PT que ligava o PT a Valério. Pode-se concluir que havia uma relação de repasses que não dependia desses recursos."