Título: CNBB pede punição e tratamento para padre pedófilo
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Fonte: O Estado de São Paulo, 11/11/2005, Vida&, p. A20

O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), d. Geraldo Majella Agnelo, afirmou que o padre Félix Barbosa Carreiro, autuado em flagrante no sábado, no Maranhão, por exploração sexual de menores, deve ser condenado tanto pelas leis do Estado quanto pelas eclesiais. "Não podemos compactuar com ele. Cometeu um ato gravíssimo", afirmou. Além da punição, o vice-presidente da CNBB, d. Antonio Celso Queiroz, disse acreditar que o padre precisa de tratamento. "É impossível uma pessoa cometer tal ato se não tiver algum desvio", avaliou.

D. Celso classificou o episódio como um escândalo. O padre Carreiro, de 43 anos, teve a prisão decretada pela Justiça do Maranhão. Ele é acusado de manter relações sexuais e consumir drogas com adolescentes, todos atraídos por mensagens na internet.

No início da noite, o arcebispo emérito de São Luís, d. Paulo Ponte, suspendeu o padre das obrigações religiosas. Ele já havia sido afastado, no início da semana, da paróquia que dirigia na capital. Carreiro, que está numa cela de segurança máxima, não deixou de ser padre, mas não pode mais rezar missas ou ministrar sacramentos e poderá ser expulso da Igreja. A Arquidiocese de São Luís também está investigando o caso numa sindicância interna.

A polícia ouviu ontem mais testemunhas na tentativa de identificar novas vítimas do padre, que até ontem eram 14, e de outro padre de São Luís, acusado da mesma conduta sexual.

DIREITO DE NASCER

As declarações dos bispos sobre o caso foram feitas durante a apresentação dos resultados da Reunião do Conselho Permanente de Bispos, em Brasília. No encontro, foi preparada a nota Direito de Nascer, dirigida a parlamentares, na qual os bispos criticam o projeto de lei que descrimina o aborto.

Para barrar o projeto, eles já têm uma estratégia traçada. Além do convencimento dos fiéis, d. Celso afirmou que a Igreja vai pressionar políticos nas eleições para que um compromisso contra o projeto seja firmado. "É uma forma de pressão legítima em defesa da vida", afirmou.

SUCESSO: Segundo o Vaticano, o papa Bento XVI é um sucesso. Ele tem atraído às audiências gerais das quartas-feiras e bênçãos dominicais o dobro de fiéis que acompanhavam João Paulo II.

Na tentativa de mostrar a simpatia e a popularidade de Ratzinger, a Santa Sé exalta que ele está cada vez mais semelhante ao seu antecessor. É freqüente vê-lo beijando crianças, apertando as mãos dos fiéis e reunindo multidões.

Longe do público, Bento XVI se mostra o papa mais reservado em 50 anos. Antes dele, só Pio XII tinha atitudes tão discretas. O papa ocupa boa parte do seu tempo privado lendo e tocando piano. Conversas? Só com os mais próximos. E, delas, pouco se sabe.