Título: Brasil já é o décimo na internet
Autor: Jamil Chade
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/11/2005, Economia & Negócios, p. B9

O Brasil tem a décima maior população de internautas do mundo, com 22 milhões de pessoas conectadas à rede. Dados publicados ontem pela ONU mostram que o planeta conta com 875,6 milhões de internautas. Mas as informações também revelam que o mundo está longe de ser uma sociedade da informação diante das disparidades entre os países ricos e pobres. Em termos de penetração da internet na população, apenas 12 em cada 100 brasileiros têm acesso à rede e 8% possuem computador. Mesmo assim, o Brasil tem mais usuários de internet que a África.

Os dados estão sendo publicados às vésperas da Cúpula da Sociedade da Informação, que ocorre na Tunísia na semana que vem e debaterá o acesso dos países pobres à internet e outras tecnologias. Segundo a ONU, o ritmo do crescimento da internet no Brasil tem sido mais tímido nos últimos anos, embora continue mostrando taxas elevadas.

Entre 2003 e 2004, o aumento foi de 22,2%, o equivalente à média de aumento mundial. Nos anos anteriores, porém, o crescimento foi mais elevado no Brasil e chegou a 78% entre 2001 e 2002. Esse crescimento permitiu que o porcentual da população brasileira com acesso à rede passasse de 2,9% em 2000 para 12,2% em 2004. Mas, mesmo assim, a média é inferior à taxa de penetração mundial, que está em torno de 14%.

Já a maior população de internautas fica nos Estados Unidos, com 185 milhões de pessoas conectadas. A China vem em segundo lugar, com 95 milhões. Pequim já ultrapassou os japoneses, que contam com 75 milhões de internautas. Na Europa, o maior usuário é a Alemanha com 41 milhões de pessoas conectadas. Já na América Latina, o México e o Brasil correspondem a 60% dos usuários.

Segundo os dados da ONU, os países em desenvolvimento estão fazendo um grande esforço para reduzir as diferenças tecnológicas com os países ricos. Em 2000, 73% das pessoas conectadas à internet estavam nos países ricos. Hoje, essa taxa caiu para 57%, mas ainda assim as diferenças são enormes.

Na China, por exemplo, apenas 7,2% da população acessa a rede, embora em números absolutos o país seja o segundo do mundo. Na África, apenas 1,1% da população tem acesso à rede, comparado a 55,7% na América do Norte e 65% na Coréia.

COMPUTADORES

O número de computadores também mostra as diferenças entre os países ricos e pobres. No total, existem apenas 11,5 milhões de computadores em toda a África, ante 19 milhões no Brasil e 26 milhões na Coréia. No Malavi, país da África oriental, existem apenas 15 mil PCs. Dos mais de 762 milhões de computadores no mundo, 520 milhões estão nos países ricos.

No Brasil, embora os números tenham mais que duplicado entre 2000 e 2004, os 19 milhões de computadores significam que apenas 8,9% da população tem acesso às máquinas. Na Suíça, 74% da população tem computador. Na China, a penetração dos computadores é de apenas 2,7%, ante 0,7% na Índia, países conhecidos como geradores de alguns dos principais técnicos em informática no mundo.

Outro fator para medir o acesso das populações à tecnologia é a disponibilidade de banda larga para a internet nos países. A China passou de uma situação em que não existia a banda larga há três anos para uma realidade bem diferente hoje. Atualmente, 23 milhões de chineses tem acesso à tecnologia.

No Brasil, existem 2,2 milhões de assinantes da banda larga, um aumento de 88% em relação a 2003. Mesmo assim, é apenas 1,2% da população. Na Coréia, 24% da população tem acesso a essa tecnologia.

CELULARES

O destaque quanto ao avanço tecnológico dos países em desenvolvimento, porém, está no uso dos telefones celulares. Em 2004, pela primeira vez, já há mais aparelhos celulares nos países pobres que nos países ricos. São 894 milhões de telefones, ante 740 milhões nas economias desenvolvidas.

Em termos porcentuais, porém, a penetração do celular nas economias pobres representa apenas 17% da população desses países, ante 77,5% nos países ricos.

Dos 1,7 bilhão de celulares existentes no mundo no fim de 2004, 548 milhões estavam na Europa, ante 745 milhões na Ásia e 173 milhões na América Latina. A África tinha apenas 80 milhões de aparelhos.

Quanto ao Brasil, o País somou 65,6 milhões de usuários em 2004, um aumento de 41,5% em relação a 2003. Isso permitiu que a penetração passasse de 26% para 36% em apenas um ano.

Em 2004, o comércio de produtos relacionados à tecnologia da comunicação movimentou US$ 1,1 trilhão, 15% do comércio mundial. Metade vem da Ásia. Já o Brasil sequer está entre os 25 maiores exportadores e representa apenas 5,8% das vendas da América Latina.