Título: Acionistas e empregados vão à Justiça contra venda da Varig
Autor: Alberto Komatsu
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/11/2005, Economia & Negócios, p. B14

Descontentes com o que classificam de falta de informações sobre a venda da VarigLog e da Varig Engenharia e Manutenção (VEM), trabalhadores e acionistas da Varig preparam uma ofensiva para contestação judicial, apesar de o negócio ter sido aprovado em assembléia de credores esta semana. O Trabalhadores do Grupo Varig (TGV) deve entrar, nos próximos dias, com ação na Justiça por considerar "vil" o preço de venda das duas subsidiárias (US$ 62 milhões) à TAP. A Interunion Capitalização, do empresário Artur Falk, maior acionista individual, solicitou informações para também entrar com ação judicial e registrou ontem na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) reclamação contra a negociação. A Varig informou que não se pronuncia sobre o assunto.

Fontes do setor contam que a Fundação Ruben Berta (FRB), acionista majoritária da Varig, planeja entrar, após o feriado de 15 de novembro, com recurso contra o BNDES no Ministério Público do Rio Grande do Sul. A FRB estaria aguardando apenas a decisão favorável da justiça americana, que estendeu anteontem o prazo da liminar que impede o arresto de aviões, para poder contestar a mudança no plano elaborado pelo BNDES. A diretoria do banco, porém, tem negado que o projeto teria sido modificado.

"Não só a Interunion, mas os demais acionistas estão à margem do processo. Temos solicitado informações sobre a reestruturação, sem sucesso", diz o advogado da Interunion, Leonardo Lobo de Almeida. A empresa, que tem quase 8% do capital votante da Varig, está em processo de liquidação desde 1997, por causa de um rombo de R$ 240 milhões no título de capitalização Papa Tudo.

Almeida lembra que a Interunion já havia registrado reclamação na CVM em setembro, por causa da falta de informações sobre o projeto de reestruturação. O advogado diz ter solicitado na terça-feira informações e documentos sobre o plano elaborado pelo BNDES para poder preparar a ação judicial contra a direção da Varig, o conselho de administração e a FRB, por temer prejuízos aos acionistas. Segundo ele, a Interunion vai votar contra a venda das duas subsidiárias na assembléia de acionistas que acontece na segunda-feira.

O coordenador do TGV, Márcio Marsillac, solicitou uma cópia do contrato de venda das ações da VarigLog e VEM, adquiridas pela Aero-LB Participações Ltda, formada pela TAP, pelo fundo GeoCapital, de Macau, e pelo Stratus , dos brasileiros Alberto Camões e Álvaro Gonçalves. Até agora, porém, o pedido não foi atendido. "A administração veio com prato feito, pôs na mesa e disse que se a gente não comesse, morreria de fome", diz. O TGV, os sindicatos do setor aéreo e demais credores querem criar uma comissão especial para acompanhar os desdobramentos da recuperação.