Título: Campanhas do desarmamento causam polêmica
Autor: Hugo Marques e Luiz Orlando Carneiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/10/2005, País, p. A7

O chefe do Serviço Nacional de Armas da Polícia Federal (Sinarm), delegado Fernando Segovia, acusou ontem a Frente Parlamentar pelo Direito da Legítima Defesa de ¿mentir¿ para ¿induzir¿ os eleitores a votar a favor da comercialização de armas no plebiscito do próximo dia 23. Segundo o delegado, a frente mente ao eleitor ao dizer que os delegados aposentados não terão direito a armas e que os atiradores e colecionadores também perderão acesso a armamento. ¿ A campanha está pregando uma mentira, para que o cidadão seja induzido no seu voto ¿ acusa Segovia.

Segundo ele, mesmo após o plebiscito, a legislação vai garantir que os policiais aposentados tenham sua arma. Os sócios de clubes de caça e de tiro também ficam com o direito garantido de possuir armas.

¿ Dizer que ninguém vai mais ter acesso às armas, nem atiradores nem colecionadores, é uma mentira. Existe previsão legal para eles ¿ disse.

Para o governo federal, impor maior controle sobre o comércio de armas é uma das condições para reduzir a criminalidade. Pelos cálculos da Polícia Federal, já foram recolhidas mais de 450 mil armas na campanha do desarmamento, com resultados positivos sobre as estatísticas. Segovia explica que houve redução de mais de 3 mil mortes por armas de fogo no primeiro ano da campanha.

O delegado diz que é uma ¿falácia¿ a argumentação de que o governo desarma o cidadão e mantém os bandidos armados. Segovia afirmou que está cada vez mais difícil os bandidos encontrarem armas, principalmente nas feiras livres.

Um dos coordenadores da Frente Parlamentar pelo Direito da Legítima Defesa, o deputado Alberto Fraga (PMDB-DF) diz que a campanha informou aos eleitores que policias não poderão mais comprar munição para uma segunda arma.

Ontem, o ministro José Delgado, do Tribunal Superior Eleitoral, negou o pedido de liminar em representação feita pela Frente Parlamentar Por um Brasil Sem Armas contra a revista Veja, por ter publicado a reportagem de capa ¿7 razões para votar não¿ no referendo do dia 23 sobre a proibição do comércio de armas.

¿ O direito de informar não se confunde com o de propaganda ¿ explicou, na petição.

No domingo, o ministro-relator Marcelo Ribeiro julgou improcedente uma representação da Frente pelo Direito da Legítima Defesa contra a revista Trip ¿ que publicou 16 páginas em benefício da frente rival, na reportagem ¿Por que você deve optar pelo desarmamento¿.

Segundo o ministro, ¿não há impedimento de que a imprensa escrita assuma posição política na campanha¿.

Ainda ontem, Ribeiro negou o pedido de liminar da mesma frente para que a TV Globo suspendesse a estréia da novela ¿Bang-Bang¿, sob o argumento de que a transmissão dos capítulos poderia difundir ¿opinião favorável ou contrária a qualquer das propostas¿.