Título: Pizzolato acusa Gushiken e será reconvocado pela CPI
Autor: Eugênia Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/11/2005, Nacional, p. A6

O relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), afirmou ontem que vai convocar o ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato, para um novo depoimento, para que ele confirme a declaração de que foi o ex-ministro Luiz Gushiken, quando comandava a Secretaria de Comunicação de Governo, quem determinou que o Banco do Brasil antecipasse R$ 58,3 milhões à agência DNA. Em entrevista à revista IstoÉ/Dinheiro que circulou ontem, Pizzolato disse que recebeu de Gushiken a ordem para assinar a transferência dos recursos, depois de uma reunião ocorrida na Secom. Na entrevista, Pizzolato fez carga contra o ex-presidente do BB, Cássio Casseb, o vice-presidente Edson Monteiro e o diretor Fernando Barbosa, que eram conselheiros na Visanet.

"Chegaram para mim como documento pronto para assinar. Já tinha até parecer de auditoria. Faltava o meu 'de acordo'", afirmou Pizzolato na entrevista dada à revista.

Ontem Serraglio disse que pretende, primeiro, reinquirir Pizzolato, para ouvir dele, de viva voz, que fez tudo a mando de Gushiken. "Depois nós chamamos o ex-ministro para se explicar", afirmou. O relator disse que a CPI dos Correios já tem elementos suficientes para pedir ao Ministério Público o indiciamento por corrupção ativa e passiva de Pizzolato. "Em relação ao ex-ministro Gushiken, não temos nada", ressalvou.

PROVA PERFEITA

Na avaliação do sub-relator de movimentação financeira da CPI, deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), Pizzolato decidiu culpar Gushiken porque percebeu que seria o único responsabilizado. "Ele era o diretor de Marketing do Banco do Brasil, que fecha contrato com a DNA, que é uma das empresas de Marcos Valério, que faz empréstimos em bancos para o PT. Marcos Valério, por sua vez, repassa mais de R$ 300 mil para Pizzolato. É a prova perfeita da corrupção", concluiu Fruet.

Assim como Serraglio, o relator é a favor de um novo depoimento do ex-diretor do BB. Já Gushiken, na sua opinião, só deve depor de novo depois do término da auditoria que está sendo feita pelo Banco do Brasil nos contratos de publicidade firmados na gestão de Pizzolato.

"No depoimento à CPI, Pizzolato não jogou responsabilidade dos contratos firmados pelo BB para Gushiken. Mas agora está vendo que as investigações estão se afunilando, que vai ficar sozinho com a responsabilidade e resolveu atacar e falar", disse Fruet. Para o relator-adjunto da CPI dos Correios, deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ), Pizzolato e Gushiken têm de ser convocados com urgência para depor novamente.