Título: Após ataques, Renan garante R$ 42 milhões para Alagoas
Autor: Expedito Filho
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/11/2005, Nacional, p. A11

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), saiu vitorioso dos ataques ao ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e conseguiu que o Tesouro Nacional pagasse ao governo de Alagoas uma dívida de R$ 42,5 milhões . A queda de braço chegou ao fim na tarde de ontem. "O Tesouro reviu a decisão e liberou o dinheiro", disse o secretário de Finanças de Alagoas, Sérgio Dória. Desde quinta-feira, quando o Ministério da Fazenda decidiu não pagar a dívida, fruto de uma doação feita ao Estado em 2002, Renan encheu-se de brios contra Palocci. A insatisfação do peemedebista aumentou a tensão nas relações entre o governo e o Senado, gerando uma guerra surda, com derrota para ambos: Renan aceitou a prorrogação da CPI dos Correios até abril e o Palácio do Planalto, em contrapartida, suspendeu a visita que o presidente Lula faria a Alagoas na terça-feira.

Apesar do final feliz, no governo existe a desconfiança de que a equipe de assessores da Mesa Diretora do Senado não tenha se esforçado o suficiente para evitar que a oposição conseguisse prorrogar a CPI. "Esse (a dívida de R$ 42, 5 milhões) é um dos motivos da briga com Palocci", confirmou um assessor do presidente do Senado. "Não adianta o governo espernear, porque o que a Mesa fez foi seguir o regimento e, se a oposição apresentou número suficiente para prorrogar a CPI às 23hs e 59 minutos, vale o último movimento", teria dito Renan, segundo esse mesmo assessor.

De passagem por Brasília, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, chegou a presenciar o desabafo irritado de Renan com o bloqueio do pagamento. "Ele estava irritado, principalmente porque aconteceu momentos antes da viagem de Lula a Alagoas", contou Teixeira. O líder do governo no Senado, Aloisio Mercadante, teve de intervir para que o pagamento fosse feito, o que ajudou a apaziguar os ânimos.

Esse foi só mais um round na luta entre os dois. Existe um rosário de queixas na ira do senador. Renan também está contrariado com a ação direta de inconstitucionalidade impetrada pelo governo para manter o veto presidencial ao aumento de 15% para o Legislativo. O veto já foi derrubado pelo Congresso, mas o governo insiste na discussão no Supremo.

Haveria, ainda, outro ponto de atrito entre Renan e Palocci. Os dois divergem sobre a indicação de um nome para uma Anatel. Renan está apadrinhando o economista Paulo Lustosa. Palocci , por sua vez, defende a indicação de Wagner Quirici, diretor superintendente do Serpro, apontado pelo presidente do Senado como um dos representantes da "República de Ribeirão Preto".