Título: PT contestará também contas do PFL
Autor: Mariana Caetano
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/11/2005, Nacional, p. A16

Depois de recorrer à Corregedoria-Geral da Justiça Eleitoral denunciando prática de caixa 2 pelo PSDB em 2002, o PT mira agora o PFL. Os petistas alegam ter identificado na prestação de contas da legenda o pagamento de diárias de viagens de dirigentes com recursos do Fundo Partidário, sem reposição posterior. Às voltas com o escândalo do mensalão, sob ameaça de perder os próprios repasses do fundo e o registro civil, o PT está vasculhando as contas de todos os partidos. Nas próximas semanas, deverá formalizar a ação contra o PFL. A Justiça Eleitoral tornou-se palco de uma guerra entre os partidos de oposição e o PT. Em julho, PSDB e PFL apresentaram o primeiro pedido para que o PT seja punido por causa de caixa 2 e perca os repasses do fundo. Correm contra os petistas 6 ações no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Na noite de terça-feira, o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), foi recebido pelo presidente do TSE, ministro Carlos Velloso. Pediu "isonomia" na análise das contas de todos os partidos. "O PT pediu à sua assessoria jurídica que faça uma avaliação do estado atual da prestação de contas de todos os partidos para fazer um diagnóstico", afirmou Berzoini. "Os mesmos critérios usados em relação ao PT devem valer para todos os partidos."

A partir do trabalho da assessoria, novas ações podem ser propostas. Outra representação contra o PFL, contestando o teor do programa partidário exibido em rede nacional de TV nesta semana, será apresentada. "Nossa preocupação é que a Justiça Eleitoral examine tudo. Não é guerra, é tratamento isonômico democrático", disse Berzoini. "Em função da crise, tudo se concentrou no PT e esse é um problema da política brasileira." Segundo ele, o PT deverá mesmo denunciar o PFL.

REAÇÃO

O PSDB definiu como "ridícula" a petição apresentada pelo PT à corregedoria. Os petistas argumentam que há incompatibilidade entre o registro de serviços prestados pelas empresas Computer Graphics e Intertrade à campanha presidencial de José Serra, em 2002, e as dívidas da campanha assumidas pelo partido. "É uma reação infantil", disse o líder do PSDB na Câmara, Alberto Goldman (SP). "Esse pedido não tem consistência."

Segundo o secretário-geral do PSDB, deputado Bismarck Maia (CE), o PT quer desviar o foco das próprias irregularidades. O PSDB ainda têm a pagar R$ 2,9 milhões, a maioria decorrente da campanha de 2002. Segundo Maia, não há débitos com as empresas citadas. Se comprovada a denúncia, o PSDB pode perder sua cota do fundo partidário.

Para o líder da minoria na Câmara, deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA), o PT tenta atemorizar a oposição. "Não temos nada a temer e não vamos mudar em nada a nossa postura", afirmou. "Tentam convencer a sociedade que todos os partidos são iguais. Mas isso não vai convencer ninguém."