Título: Procurador vai recorrer contra casal Garotinho
Autor: Wilson Tosta
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/11/2005, Nacional, p. A16

O procurador-geral eleitoral no Rio, Rogério Navarro, e o advogado José Sad Júnior anunciaram que recorrerão da decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Rio que restabeleceu os direitos políticos do secretário de Governo, Anthony Garotinho, e de sua mulher, a governadora Rosinha Matheus, por abuso de poder econômico e político na eleição de 2004 em Campos, onde o casal tem base política. Os dois entrarão primeiro no TRE com pedidos de esclarecimento. Depois, pedirão ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que revogue a decisão do TRE. "A decisão do TRE é estarrecedora", disse Sad Júnior, defensor da coligação do candidato a prefeito Carlos Alberto Campista (PDT). "Pela primeira vez, se pune os beneficiários (o candidato do PMDB, Geraldo Pudim, e a vice, Claudeci das Ambulâncias, que continuam inelegíveis), mas não os autores." Segundo ele, o TRE reconheceu o abuso do poder econômico e político, mas não sua ligação com Garotinho, presidente regional do PMDB.

No julgamento, que só acabou de madrugada, após cerca de 8 horas de sessão, o plenário do TRE reformou, por 4 votos a 3, a sentença da juíza Denise Appolinária dos Reis, da 76ª Zona Eleitoral, que declarara Garotinho e Rosinha inelegíveis. A votação terminou em 3 a 3 e o presidente do tribunal, Marlan de Moraes Marinho, deu o voto de minerva. Alegou que a divisão do TRE mostrava que havia dúvida e nesse caso, se decide em favor do réu.

O relator, Márcio Pacheco de Mello, propôs revogar integralmente a sentença. Ele não viu relação da governadora com abuso em programas sociais e a distribuição de mais de 43 mil kits escolares nem de Garotinho com a apreensão de mais de R$ 318 mil na sede do PMDB dois dias antes da eleição, supostamente para compra de votos. "Não existe qualquer prova de conexão de Garotinho com o processo", disse.

No outro pólo estava o revisor do processo, o advogado Ivan Nunes Ferreira. "O uso da máquina administrativa para fins eleitorais é abuso do poder político, não importa que roupagem tenha", afirmou. "O mínimo senso de realidade não permite admitir que os abusos foram cometidos à revelia da senhora governadora e do secretário."

ROSINHA

Ontem, Rosinha comemorou o resultado. "Eu confio na Justiça, foi feita Justiça, e o Deus que eu proclamo é de amor e também um Deus de Justiça." Ela disse ainda que acompanhou o fim do julgamento em casa. "Fiquei junto com meu marido, com meus filhos, em oração, junto com meu pastor. O resultado que importa é a vitória. Se foi para lá ou para cá, o resultado é que vale."