Título: Procuram-se bons planos de saúde
Autor: Adriana Dias Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/11/2005, Vida&, p. A26
Três sócios de uma microempresa estão com dificuldades para pagar seus planos de saúde individuais. Decidem, então, pesquisar outras formas de garantir ao menos parte dos benefícios de saúde e descobrem que, se contratarem juntos um plano, economizam até 35% das mensalidades. Foi o que ocorreu há um mês com os empresários paulistanos Sérgio e Guadalupe Sandor. "Poupei R$ 160, com os mesmos benefícios", diz Sandor, que, com Guadalupe, se uniu ao outro sócio para comprar um plano empresarial. Juntos, eles pagam R$ 1.310. Uma economia total de R$ 400 em relação aos planos individuais. "Nunca imaginei que isso fosse possível. Sempre achei que teria de ser funcionário de uma grande empresa ou que as exigências seriam inúmeras para conseguir um plano empresarial." Para ter o plano, basta ter inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ).
Esse tipo de plano empresarial, o de pequenos grupos de pessoas, é um dos que mais têm atraído os consumidores dos planos individuais. Para eles, a vantagem é o preço, em média 30% mais baixos, de acordo com a Associação das Corretoras de Planos de Saúde do Estado de São Paulo (Acoplan). Por outro lado, muitas operadoras agradecem o fato de que os reajustes dos planos empresariais são livres da regulamentação da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), como ocorre com os individuais. A negociação é direta entre operadora e consumidor. "O risco de inadimplência é menor para a operadora", diz Antônio Carlos dos Santos, da corretora de saúde Divicom, que trabalha com planos empresariais com grupos a partir de cinco pessoas.
A Medial, uma das maiores operadoras de saúde, com 900 mil vidas (titulares e dependentes), é exemplo da mudança no perfil dos planos. "O número de planos empresariais de pequeno porte é o que mais tem crescido. Hoje, temos 200 mil vidas com grupos a partir de três titulares. No ano passado eram 75 mil", conta Nilo Carvalho, diretor-executivo comercial da Medial. "Até 1999, ano da regulamentação dos planos de saúde, os planos individuais eram a única opção dos pequenos empresários. Desde então, as operadoras passaram a investir pesado nesse tipo de cliente, criando uma carteira especial para pequenas empresas."
Ou seja, empresas com menos de 50 pessoas entram para essa carteira especial das operadoras, passando a fazer parte de um grupo maior de associados, como se fossem uma empresa com mais funcionários. "Um plano empresarial pequeno só sobrevive dessa forma. Imagine um plano com cinco pessoas e uma delas tem câncer. 6É impossível tão poucas pessoas arcarem com despesas altas", conta Carlos Suslik, coordenador do MBA em Gestão de Saúde do Ibmec. Titulares de planos de saúde com menos de 50 vidas não negociam com a operadora os reajustes anuais, como ocorre com empresas grandes. Eles já são determinados no contrato.
MAIS OPÇÕES
O plano coletivo por adesão, quando o consumidor usa o plano de um sindicato, por exemplo, é outra opção ao individual. "Eles têm as mesmas regras dos empresariais ", diz Suslik.
Uma alternativa aos grandes planos é o Sistema de Atendimento à Saúde (Sinasa), da Associação Paulista de Medicina (APM), que na semana que vem completa um ano. O Sinasa tem 42 mil médicos de todas as especialidades e 30 hospitais. Os preços cobrados são os da tabela criada pela Associação Médica Brasileira (AMB). "São valores próximos aos que as operadoras pagam para os serviços de saúde. Mas não há intermediários", diz Florisval Meinão, da APM. Com a carteirinha (R$ 148 por ano), o consumidor paga, por exemplo, R$ 42 por consulta ou R$ 8 por um hemograma. O próximo passo será trabalhar com grupos empresariais pequenos