Título: Lucro da Petrobrás já é de R$ 15,6 bi
Autor: Nicola Pamplona
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/11/2005, Economia & Negócios, p. B6

A Petrobrás anunciou ontem lucro de R$ 5,632 bilhões no terceiro trimestre de 2005, valor praticamente igual aos R$ 5,559 bilhões do mesmo período do ano passado. De janeiro a setembro, a empresa acumulou lucro de R$ 15,583 bilhões, o segundo melhor na história das companhias abertas brasileiras, segundo levantamento da consultoria Economática. O primeiro pertence à própria estatal, com R$ 16,717 bilhões, em valores corrigidos pela inflação, apurados de janeiro a setembro de 2003. Segundo o diretor financeiro da empresa, Almir Barbassa, o desempenho é resultado da alta das cotações do petróleo no mercado internacional e do aumento nos preços dos combustíveis em 10 de setembro. No terceiro trimestre, por exemplo, o preço médio dos produtos vendidos pela estatal ficou em US$ 60,26 por barril, a apenas US$ 1,28 da cotação do petróleo Brent, referência internacional de preços.

Na avaliação da empresa, o impacto dos reajustes deve continuar neste último trimestre do ano, principalmente depois que as cotações internacionais começaram a ser negociadas abaixo dos US$ 60.

A empresa informou ontem que manteve o bom desempenho em sua balança comercial de petróleo e derivados, que deve fechar o ano com superávit de até US$ 1 bilhão. Até setembro a Petrobrás acumula um saldo positivo de US$ 700 milhões em suas operações de compra e venda de petróleo e derivados. No terceiro trimestre, o resultado da balança foi o pior do ano, de apenas US$ 100 milhões, mas segundo Barbassa o problema deve ser revertido no quarto trimestre. "Tradicionalmente, há um consumo grande no terceiro trimestre, com o plantio da safra agricola", disse.

Além disso, a produção nacional de petróleo se manteve praticamente estável no período, quando atingiu a média de 1,667 milhão de barris por dia, enquanto o consumo teve alta, ainda que tímida. Para suprir a demanda por diesel, a Petrobrás promoveu mudanças em sua estratégia de abastecimento, importando mais óleo leve para refinar no País, em vez de comprar volumes adicionais do combustível, mais caro, no mercado externo. Assim, as refinarias nacionais atingiram uma utilização de 91% de sua capacidade, com uma produção média de 1,804 milhão de barris de derivados por dia - cerca de 80 mil barris a mais do que a demanda nacional no período.

VALORIZAÇÃO DO REAL

Somando o gás e as atividades no exterior, a produção total da empresa chegou a uma média de 2,204 milhões de barris de óleo até setembro, o que representa crescimento de 9% em relação ao mesmo período do ano anterior. O aumento da produção e dos preços foi responsável por R$ 5,541 bilhões do lucro do terceiro trimestre. E também teve forte impacto na receita, que fechou o trimestre em R$ 46,555 bilhões - R$ 128,999 bilhões no acumulado do ano.

Barbassa disse que a companhia foi beneficiada com a valorização do real no trimestre, o que garantiu uma redução de sua dívida de R$ 33,3 bilhões para R$ 26,2 bilhões. O fluxo de caixa da companhia fechou o trimestre em R$ 14,4 bilhões. O diretor da Petrobrás lembrou que a companhia teve sua classificação de risco revista pela agência Moody's no mês passado, atingindo o nível de investment grade, o que deve contribuir ainda mais para reduzir o endividamento.

Ele acrescentou que a valorização cambial vai garantir à companhia uma economia nos investimentos previstos para 2005. Até agora, foram gastos R$ 16,9 bilhões do orçamento de R$ 28 bilhões. Barbassa admitiu que não vai conseguir atingir a meta até o fim do ano, mas explicou que, em dólares, o orçamento será cumprido.

Quando previu gastos de R$ 28 bilhões, explicou o executivo, o dólar estava na casa dos R$ 2,70 - ou seja, a empresa se comprometeu a gastar US$ 10 bilhões. Hoje, com a moeda americana a R$ 2,20, a companhia precisará desembolsar R$ 22 bilhões para cumprir a meta estabelecida no início do ano.

O diretor da Petrobrás afirmou ainda acreditar que a empresa cumpra a a meta de produção estipulada para 2005, de 1,7 milhão de barris por dia no Brasil, mesmo que algumas plataformas estejam com os cronogramas atrasados.