Título: 500 para proteger Bush no Brasil
Autor: Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/11/2005, Nacional, p. A5

Americanos queriam espaço aéreo fechado, o que foi negado

BRASÍLIA - Uma operação de guerra está sendo montada em Brasília para a visita de menos de 24 horas do presidente dos Estados Unidos, George Bush, no próximo fim de semana. Dos inúmeros pedidos apresentados pelo governo americano, alguns puderam ser atendidos, como a colocação de franco-atiradores nos tetos da estação de autoridades da Base Aérea de Brasília, ao lado de soldados de elite brasileiros, para proteger o local, na chegada de Bush. Outros, no entanto, acabaram negados, como o fechamento do espaço aéreo para todos os vôos, em período que antecede a chegada do presidente ao País e a realização de varreduras em locais específicos da Granja do Torto, residência do presidente Lula. Ao contrário de visitas anteriores, quando as Forças Armadas assumiram o comando das operações, desta vez, o Ministério da Justiça decidiu que controlaria toda o policiamento e prevenção, por meio da Polícia Federal. Estima-se que pelo menos 500 homens estejam envolvidos na operação, batizada de Operação América. Mas as Forças Armadas apoiarão todo o trabalho. À Marinha, por exemplo, foi pedido que houvesse reforço no patrulhamento do Lago Paranoá, principalmente nos locais próximos ao Hotel Blue Tree, onde está previsto que Bush passe a noite de sábado para domingo.

Fuzileiros navais já foram destacados para reforçar o policiamento no local, assim como o controle do espaço aéreo, feito pelo Cindacta, estará em alerta.

Na Granja do Torto, onde Bush se reunirá com Lula das 11 da manhã às 16 horas, a segurança será realizada pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Alguns acertos foram feitos com a equipe de segurança de Bush. Como se trata da residência do presidente da República brasileiro, os americanos acabaram entendendo que não haveria como extrapolarem na precaução. Para reforçar a segurança no local, mais homens do batalhão de guarda presidencial (BGP) do Exército foram convocados, câmeras foram instaladas não só na entrada como no percurso a ser feito por Bush. Toda a área da granja terá policiamento extra.

Durante o período em que todos estiverem na Granja do torto, as comunicações de lá de dentro, via celular, estarão bloqueadas, a exemplo do que já acontece durante as reuniões ministeriais.

As áreas de inteligência dos governos federal e americano estão trabalhando em conjunto para verificarem qualquer possibilidade de atentado contra Bush. O esquema de segurança reforçado funcionará também para a primeira-dama, Laura Bush, e a secretária de Estado, Condoleezza Rice.

A Polícia Militar do Distrito Federal irá colaborar com o esquema de segurança, principalmente nos deslocamentos do presidente americano e sua comitiva. Todo o trajeto está sendo mantido sob sigilo e só será divulgado para os participantes da operação momentos antes. Cães farejadores serão empregados na operação.