Título: Na Argentina, clima é de atenção
Autor: Jamil Chade
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/11/2005, Economia & Negócios, p. B5

Fluxo de capitais para países emergentes pode ser afetado, avisa presidente do BC

Se o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, está confiante em relação à resistência da economia brasileira quanto ao aumento dos juros nos Estados Unidos, a Argentina está mais cautelosa. O presidente do BC argentino, Martin Redrado, alerta que a tendência de aumento de juros nos principais mercados pode ter um impacto para Brasil e Argentina e recomenda "atenção". Ele ainda espera que as eleições presidenciais no Brasil em 2006 não crie instabilidade econômica na região.

Quais são os principais temas que preocupa o sr. no que se refere às economias emergentes?

Acredito que o aumento das taxas de juros nos EUA deve ser acompanhado com atenção, pois pode ter um impacto tanto para a Argentina como para economias como a do Brasil. O impacto ocorre principalmente no que se refere ao fluxo de capitais .

O Brasil se aproxima mais uma vez de um período eleitoral. O sr. teme nova turbulência na região como na eleição presidencial de 2002?

Não esperamos que haja uma nova instabilidade econômica diante das eleições. É um período sempre mais complicado, mas a economia brasileira está dando mostras de que está resistente. Isso ficou claro diante do desempenho da economia do País no atual cenário em que vive o governo. A economia está sólida e isso é bom para toda a região. Por isso, estamos confiantes em que não teremos problemas em 2006 relacionados às eleições. Além disso, acredito que as linhas da política econômica serão mantidas mesmo em um período de eleições.

A Argentina conseguirá, então, manter o ritmo de crescimento registrado nos últimos dois anos?

Vamos ter um aumento do PIB em 2005 de mais de 8%, acima do previsto. Reduzimos a taxa de desemprego para menos de 11% e nossas exportações vão crescer a uma taxa recorde de 15%. Nosso mercado interno está se recuperando. O país voltou a ser um dos principais mercados para produtos brasileiros. Nos próximos anos, nosso objetivo é conseguir um crescimento sustentado de 5%.