Título: BC não teme alta do juro nos EUA
Autor: Jamil Chade
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/11/2005, Economia & Negócios, p. B5

Meirelles insiste que a economia brasileira, com câmbio flutuante e metas de inflação, está equipada para resistir a choques

A economia brasileira está preparada para enfrentar eventuais conseqüências negativas do aumento das taxas de juros nos Estados Unidos. A avaliação é do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, que participa hoje de reunião no Banco de Compensações Internacionais (BIS), na Basiléia. 'Estamos bastante confortáveis com o nível de melhora dos fundamentos econômicos do País', afirmou. Na terça-feira, o banco central dos Estados Unidos, o Federal Reserve Bank, Fed, decidiu elevar a taxa básica de juros do país em 0,25 ponto porcentual. Com isso, os juros norte-americanos chegaram ao patamar de 4% ao ano. O tema deverá ser um dos principais assuntos tratados hoje pelos dez maiores bancos centrais do mundo que se reúnem na Suíça e convidaram alguns países emergentes a participar do debate. Allan Greenspan, cercado de seguranças, desembarcou ontem na Basiléia para o que deverá ser seu último encontro com os demais BCs do mundo na condição de presidente do Fed. 'Há dez anos, a elevação da taxa de juros norte-americana trouxe problemas a muitas economias emergentes, inclusive ao Brasil, com o aumento da aversão ao risco', disse Meirelles. 'Isso tem mudado nos últimos anos e as economias emergentes estão diferentes.' 'Hoje, no Brasil, as taxas de câmbio já flutuam livremente e o País tem um regime de metas de inflação. Esses dois regimes são mais capazes de resistir a choques e de absorver mudanças do que o que tínhamos no passado. As economias, em especial a brasileira, está melhor equipada' , explicou o presidente do BC. Meirelles garantiu ainda que as condições do País hoje são 'muito diferentes' das que vivia a economia no passado. 'Estamos fazendo o nosso dever de casa, com uma política monetária comprometida com metas da inflação e com um política de câmbio flutuante' , disse. 'A situação fiscal hoje também é bem diferente, com um superávit fiscal consistente. Enfim, todos os índices de solvência estão melhorando', completou. BNDES Durante sua passagem pela Suíça, Meirelles ainda foi obrigado a enfrentar questões sobre notícias divulgadas na imprensa sobre um relatório confidencial do BC apontando que o BNDES avalia mal os empréstimos e tem controles frágeis para a concessão de créditos. Meirelles conta, porém, que sequer leu esse relatório. 'Fiquei sabendo pelo jornal. Sobre esse relatório eu não posso opinar, porque eu nem o li' , disse o presidente do BC, argumentando que são 'relatórios rotineiros' e que nem chegam à diretoria. Ele admite que, diante do 'barulho' causado pela notícia, poderá ler o relatório 'para ver se fala algo mais importante'. 'Esse tipo de assunto só é passado à diretoria quando há um recurso', explicou. Apesar de não ter lido as recomendações, Meirelles garante que o julgamento de créditos do BNDES é positivo. 'O BNDES tem um nível de inadimplência bom, comparado com padrões internacional.' ?