Título: Achatamento ameaça até o primeiro escalão
Autor: Marcelo Rehder
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/11/2005, Economia & Negocios, p. B3

Executivos também estão pessimistas em relação ao salário do próximo emprego

A preocupação com os salários no próximo emprego chegou ao alto escalão das empresas. Pesquisa feita em 19 países pela consultoria americana RightSaadFellipelli mostra que técnicos especializados, gerentes e diretores de empresas no Brasil ocupam a segunda colocação entre os menos otimistas em relação ao nível de remuneração do próximo emprego. De um total de 662 executivos e técnicos entrevistados no País, 93,2% disseram que seria difícil ou muito difícil encontrar colocação parecida ou com o mesmo salário, caso fossem demitidos. Esse número só é inferior ao da Alemanha, onde a proporção chegou a 96,8%.

Os mais otimistas são os coreanos: 59,8% dos consultados escolheram a opção difícil ou muito difícil, seguidos pelos australianos, com 63% das respostas.

"A cultura de remuneração no Brasil é regida pelo poder de negociação do profissional e da relação de confiança com a empresa", diz Saulo Lerner, diretor da RightSaadFellipelli. Em países como a Noruega, onde as relações de trabalho são reguladas por políticas de cargos e salário, as pessoas são menos pessimistas em relação ao seu futuro profissional. Entre os noruegueses, o índice ficou em 64,9%.

"O brasileiro entra ganhando um pouco menos, mas o salário aumenta conforme o tempo que ele permanece trabalhando na empresa. O problema é quando a remuneração ultrapassa o padrão do mercado e as empresas são obrigados a cortar custos", observa Lerner.

Segundo ele, as companhias que se preocupam em manter o padrão salarial dos novos contratados ainda representam minoria . Para o consultor, o principal motivo é o desemprego elevado, que tira poder de barganha das pessoas que estão fora do mercado de trabalho.