Título: Relação com EUA está no melhor momento, diz Lula
Autor: Paulo Sotero
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/11/2005, Nacional, p. A4

Para presidente, diálogo ganhou 'qualidade superior' e relações comerciais e políticas entre os dois países se ampliaram

Os presidentes Lula e Bush trocaram elogios nas declarações à imprensa depois do encontro na Granja do Torto. Segundo Lula, "equivocaram-se redondamente" os que imaginaram que sua eleição produziria "deterioração das relações" entre Brasil e EUA. "Ao contrário, nossas relações atravessam um de seus melhores momentos. As relações econômicas e comerciais se ampliaram e nosso diálogo político ganhou qualidade superior", afirmou, em discurso lido. Já Bush, falando de improviso, elogiou a "franqueza" do anfitrião e se disse impressionado com as formas econômicas e políticas pelas quais o Brasil passou.

As declarações duraram 15 minutos. O brasileiro falou primeiro: "A presença do presidente Bush entre nós expressa, em grau elevado, o aprofundamento do diálogo entre nossos governos." O visitante respondeu destacando o papel de liderança do Brasil "no mundo e na região". A reunião reservada, que seria de meia hora, durou o triplo e contou com presença dos chanceleres dos dois países. "Houve muito boa química pessoal", contou o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.

Bush disse que ele e sua mulher, Laura, estavam satisfeitos com a primeira visita ao Brasil e que Lula o convidara para pescar. Afirmou que EUA e Brasil são as maiores democracias do planeta e "têm certas obrigações de trabalhar pela paz e prosperidade no mundo". Lula defendeu sua política externa e disse que buscou "uma forte aproximação" com os países sul-americanos e de outras nações. "As conseqüências dessa abertura foram os incrementos sem precedentes de nosso comércio exterior, a atração de investimentos e a internacionalização de nossas empresas", declarou, argumentando que essa busca de novos horizontes não comprometeu o relacionamento com os países desenvolvidos.

Bush afirmou que Brasil e EUA podem aprofundar o comércio sem prejudicar seus países e disse que os americanos reduzirão subsídios e tarifas desde que haja igual tratamento da União Européia. Segundo ele, os dois países têm de ver como estarão aptos a competir com países como a China e acha a Alca importante para isso.

"Defendemos nossos interesses nacionais e valores políticos gerais", disse Lula. "O respeito que temos por nós mesmos reforçou nosso respeito mútuo porque cada país preza sua soberania." Para ele, "as diferenças de pontos de vista sobre questões da agenda regional ou mundial foram tratadas com franqueza, sem sobressaltos ou confrontação". Lula citou avanços nas relações bilaterais que devem "avançar em outros campos estratégicos" como saúde, ciência e tecnologia e parcerias educacionais e em áreas como biodiversidade e agricultura.

ÁGUA

Antes de falar, Lula irritou-se com o cerimonial porque não havia água. Depois, queixou-se de que ninguém havia providenciado um copo para Bush.