Título: No McDonald's, protesto à base de feijão, farofa e caju
Autor: Paulo Sotero
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/11/2005, Nacional, p. A6

Contra o hambúrguer, o feijão. Um grupo de cerca de 30 estudantes de Brasília fez protesto pacífico contra a presença do presidente norte-americano George W. Bush, no Brasil. Invadiram a loja do McDonald's no Eixo Monumental, e serviram um cardápio tipicamente brasileiro: arroz, feijão preto, farofa, suco de frutas e caju. A comida do "Mcinfestação", era oferecida a quem quisesse. "Com a gente não precisa pagar nada", disse um manifestante. A Polícia Federal acompanhou o protesto, que foi pacífico, do lado de fora da lanchonete. Nenhum estudante quis se identificar, para, segundo eles, "não individualizar o movimento". Além dos tradicionais "Fora Bush" e "Sai daqui Bush", o grupo colou nas paredes da lanchonete cartazes com críticas ao governo norte-americano. "Corrente: R$ 6,00. Máscara de Bush: R$ 5,00. Bandeira de Pirata: R$ 12,00. Transformar o McDonald's em um espaço anticapitalista não tem preço. Massacre", dizia a mensagem de um cartaz. Em outros dois, os estudantes criticavam a política externa do governo Bush e alertavam para o risco de um acordo comercial com os Estados Unidos. "Em apenas quatro anos de Nafta (Acordo Norte-Americano de Livre Comércio), o número de mexicanos vivendo em (situação de) pobreza ou de extrema pobreza cresceu 19%", e outro com os dizeres: "Até agora, mais de 27 mil iraquianos morreram com a invasão norte-americana no país."

O grupo também distribuiu uma carta aberta à sociedade intitulada: "Nossa dignidade nos leva à rebeldia". No texto, eles falam sobre muitas manifestações contrárias ao presidente Bush. "Todos esses atos têm legitimidade em suas causas, ainda que diferenças e diversidade em suas táticas. Somamo-nos a esse grito que, cada um à sua voz, deixa claro nossa recusa não só ao doutor George, mas também a todas as grandes empresas e corporações transnacionais que tanta se beneficiam de suas decisões", escreveram. "Sabemos que não vamos conseguir nada, mas somos contra a guerra do Iraque", disse um estudante que se identificou como Igor. Assinam o documento os movimentos: Coletivo de solidariedade e Ação Zapatista, Centro de Mídia Independente, Coletivo de Resistência AnarcoPunk, Grupo de Teatro Rosa Negra e Movimento Passe Livre.