Título: Simpatia surpreende jovens
Autor: Paulo Sotero
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/11/2005, Nacional, p. A7

Em encontro com 15 pessoas, presidente se mostrou 'autêntico'

No encontro organizado pela embaixada americana com 15 brasileiros na manhã de ontem, o presidente Bush superou a imagem de arrogante, surpreendendo a platéia. "Me chamou a atenção sua simpatia e leveza, pois, para muita gente, ele é uma pessoa de má índole", falou a professora Tânia Manzur, da Universidade Católica de Brasília. Bush abriu o encontro de uma hora dizendo que teria um bate-papo com os brasileiros e fez questão de chamar pelo nome os sete participantes escalados para as perguntas. Coube à secretária de Estado, Condoleezza Rice, dar explicações sobre a possibilidade de os EUA criarem programas de intercâmbio para professores de inglês do Brasil. "Tenho certeza de que ela está indócil para falar", disse. O grupo destacou a "sinceridade" de Bush ao abordar a invasão do Iraque, a criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e a política de subsídios agrícolas. Segundo Tânia, Bush disse ser pautado por suas convicções e pelo que percebe como interesse nacional. Reconhecendo que a invasão ao Iraque pesou contra sua popularidade, Bush não se mostrou arrependido e entende que tomou a posição correta para a democracia, que considera "um valor que precisa ser preservado mundialmente". "Achei que ele foi autêntico e não teve medo de assumir posições radicais", disse o professor Virgílio Almeida.

O presidente destacou a importância de o Brasil colaborar na formação da Alca, que, para ele, seria um instrumento para enfrentar a China. Sobre os subsídios agrícolas, Bush reafirmou a disposição de os EUA mudarem a política desde que outros países façam o mesmo. "Cortando aqui, corta lá." A política de migração despertou interesse de participantes como o delegado Orlando Moreira Nunes, que vai estudar nos EUA. Bush disse que, depois dos atentados, adotou regras rígidas para a entrada de estrangeiros. "Sofro pressão para que essas regras sejam mais rigorosas."

Bush repetiu os elogios a Lula a quem chamou de "meu amigo" e "grande parceiro". Para ele, que também enfrenta uma crise interna, Lula precisou tomar medidas difíceis. "Lula tem bom coração", concluiu Bush.