Título: SC protesta contra ida de Beira-Mar
Autor: Kazuo Inoue
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/10/2005, Metrópole, p. C3

Governador enviou ofício ao Planalto reclamando da transferência do traficante

FLORIANÓPOLIS - Em ofício enviado ontem ao Palácio do Planalto e ao Ministério da Justiça, o governador de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira (PMDB), disse que as autoridades estaduais deveriam ser informadas com antecedência da transferência do traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, que estava em Brasília, para a carceragem da Polícia Federal (PF) em Florianópolis, pois se trata de "um criminoso de alta periculosidade". Ele lembrou que havia pedido, em agosto, para que o traficante não fosse enviado ao Estado. O governador considera a transferência um "desrespeito" a Santa Catarina. A Ordem dos Advogados do Brasil no Estado (OAB-SC) reuniu uma comissão para estudar a melhor maneira de abreviar a permanência de Beira-Mar, que chegou a Florianópolis na sexta-feira. "Estamos buscando audiências com o presidente do Tribunal de Justiça, o procurador-geral de Justiça e o juiz responsável pela vara criminal federal", disse o presidente da OAB-SC, Adriano Zanotto. Segundo ele, "Fernandinho Beira-Mar sob hipótese alguma poderia estar em uma cadeia da PF. Ele é um criminoso já apenado e tem de cumprir a sua pena em penitenciária". Zanotto declarou ainda que, pela lei de execuções penais, Beira-Mar deveria estar cumprindo pena no Rio, perto de sua família.

O secretário de Segurança Pública de Santa Catarina, Ronaldo Benedet, marcou reunião para a tarde de hoje com o presidente do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, Jorge Mussi, com quem vai discutir as possíveis providências. O secretário explicou que vai tentar "encontrar uma solução para que esse criminoso seja tirado daqui, até porque não é do Estado".

Para o presidente do Sindicato dos Policiais Federais, Édison Tessele, a estrutura do prédio da superintendência não é suficiente para garantir a prisão de um traficante como Beira-Mar. "As pessoas que conhecem a superintendência de Brasília sabem que para entrar naquele prédio para fazer um resgate é muito mais difícil, em tese, do que aqui", disse.

O delegado da PF, Ildo Rosa, afirmou que não há motivo para qualquer preocupação em relação à segurança e informou que existe a possibilidade de a permanência do traficante em Florianópolis ser curta, já que a penitenciária federal de Campo Grande deve ficar pronta em novembro e o traficante deve ser transferido para lá. Ele foi condenado em Belo Horizonte a 11 anos por tráfico de drogas e, em Cabo Frio (RJ), a 21 anos por tráfico e formação de quadrilha. O criminoso ocupa uma das duas alas da carceragem do prédio da Polícia Federal, que é vizinho da residência oficial do governador, na Avenida Beira-Mar.