Título: Bancos ampliam oferta a grevistas
Autor: Marcelo Rehder, Flávio Leonel
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/10/2005, Economia & Negócios, p. B5

Proposta de aumento passou de 4% para 6% e de abono, de R$ 1 mil para R$ 1,7 mi; bancários fazem assembléias hoje

Depois de cinco dias de greve dos bancários, a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) apresentou nova proposta à categoria, elevando de 4% para 6% o reajuste salarial. Em rodada de negociação ontem à noite, os bancos também melhoraram a proposta de abono, que passa de R$ 1 mil para R$ 1,7 mil. O valor fixo da Participação nos Lucros ou Resultados (PLR) também foi elevado, de R$ 733 para R$ 800. A nova proposta representa aumento real nos salários da categoria, que tem data-base para reajuste em setembro. Nos 12 meses anteriores à data-base, a inflação medida pelo Índice do Custo de Vida (ICV) apurada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) acumula alta de 5,69%.

A última dodada de negociações ocorreu há 20 dias, quando a Fenaban apresentou a proposta de 4% de reajuste, recusada em todo o País. Os bancários reivindicam aumento de 11,77%.

Para o presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Luiz Cláudio Marcolino, a categoria conseguiu um avanço importante com a greve. "Agora, cabe aos trabalhadores decidir se aceitam a nova proposta". A proposta será votada hoje em assembléias da categoria.

Ontem, a greve se ampliou para mais dois Estados, conforme levantamento das centrais sindicais da categoria. O balanço mais recente mostrou que a paralisação atingiu 25 Estados e o Distrito Federal, com exceção apenas de Roraima.

A Confederação Nacional dos Bancários (CNB), ligada à Central Única dos Trabalhadores (CUT), informou que empregados de Rondônia também aderiram.

Outra adesão foi dos trabalhadores do Tocantins, que, com os bancários de Goiás e do Amazonas, participam de outra entidade - a Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Empresas de Crédito (Contec). Eles promoveram a suspensão parcial dos trabalhos, principalmente na Caixa Econômica Federal, para conquistar reajuste salarial de 15,38%.

Na sexta-feira, o juiz Marcelo Freire Gonçalves, do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 2ª Região, concedeu liminar ao sindicato da categoria em São Paulo para que os trabalhadores pudessem exercer o direito de greve. Eles haviam solicitado a suspensão dos processos de interdito proibitório, instrumento jurídico usado pelos bancos para a abertura das agências e preservação de patrimônio.

No Banco Central (BC), a paralisação completou 22 dias. Hoje, o Sindicato Nacional dos Funcionários do BC (Sinal) deve se encontrar com o presidente da instituição, Henrique Meirelles, às 16 horas. Eles reivindicam reajuste de 6,82% em setembro e 15% em janeiro. A proposta inicial era de 57%.

Segundo a Febraban, até ontem o fornecimento de dinheiro aos caixas eletrônicos não havia sido afetado. Segundo a Assessoria de Imprensa do BC, nos momentos críticos o trabalho de distribuição estava sendo feito pelo Banco do Brasil, que agora também está em greve.