Título: UDR culpa governo Lula e diz que Palocci é 'pão-duro'
Autor: Fabíola Salvador
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/10/2005, Economia & Negócios, p. B4

Para presidente da entidade, faltam verbas e há anos produtores da região vinham alertando para o problema

SOROCABA - O presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Luiz Antonio Nabhan Garcia, culpou o governo do presidente Luiz Antonio Lula da Silva pelos casos de em Eldorado, Mato Grosso do Sul. Segundo ele, há anos que os sindicatos de produtores rurais da região vinham alertando para o risco da movimentação clandestina de gado na fronteira seca do Estado com o Paraguai, envolvendo inclusive índios que invadiram fazendas na região. Os ruralistas vinham pedindo mais fiscalização na chamada "linha de fronteira", sem resultados. "O que se pode esperar de um governo que, ao invés de aumentar, reduz a verba destinada à vigilância sanitária animal?" Nabhan Garcia criticou também o ministro da Fazenda, Antonio Palocci. "Que sirva de lição para o ministro pão-duro (Palocci), que não libera quase nada de verbas para a defesa sanitária num país com um rebanho bovino de 200 milhões de cabeças, atualmente o maior exportador de carne bovina."

"Um país dependente das exportações de carnes como o nosso não pode se dar ao luxo de reduzir investimentos no sistema de vigilância sanitária do rebanho", acrescentou.

O presidente da UDR disse ter esperança de que o surto de aftosa não afete as exportações de carne de São Paulo que, segundo Nabhan Garcia, tem um dos rebanhos mais saudáveis do mundo. "Estamos numa das maiores crises que a pecuária de corte já enfrentou e seria desastroso que São Paulo tivesse de pagar por um erro que não cometeu." Ao saber do surto, ele entrou em contato com o secretário estadual de Agricultura e Abastecimento, Duarte Nogueira, para pôr a entidade à disposição do governo paulista com o objetivo de colaborar para impedir que a doença entre no Estado. Estamos informando nossos associados sobre o risco de adquirir animais ou produtos abatidos daquela região."

Nabhan Garcia aprovou a decisão da secretaria de criar barreiras sanitárias nas principais vias de acesso de Mato Grosso do Sul a São Paulo. E sugeriu que o governo brasileiro peça, com rapidez, a vinda de uma missão da União Européia. "Os delegados vão constatar que o surto ocorreu numa área isolada e que não há necessidade de embargo às compras de carne do Brasil."

Ele lamentou que o surto de aftosa no Brasil tenha ocorrido justamente quando se realiza em Colônia, Alemanha, uma das maiores feiras de alimentos do mundo. A notícia, segundo Nabhan Garcia, surpreendeu grandes exportadores de carne bovina brasileira no evento. Eles temem que os importadores tomem decisões precipitadas, suspendendo compras.