Título: Lula descarta apagão até 2010
Autor: Leonencio Nossa
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/11/2005, Economia & Negócios, p. B5

No momento de fragilidade do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a lembrar os prejuízos econômicos causados pelo apagão no governo anterior. Em entrevista divulgada no programa de rádio Café com o Presidente, Lula afirmou que os investimentos do atual governo na área de energia evitarão um novo colapso no sistema até 2009 ou 2010. "Temos de recordar para os nossos ouvintes o que aconteceu em 2001, um apagão que causou enormes prejuízos ao povo brasileiro", disse. "Houve um desleixo em não se construir usinas hidrelétricas." Freqüentemente, nos momentos de crise, Lula cita o caso do apagão, um problema que expôs, na avaliação de analistas, a falta de planejamento e visão estratégica do governo Fernando Henrique Cardoso.

No auge da crise do mensalão, em agosto, Lula fez um duro discurso contra o governo tucano ao inaugurar uma das turbinas da Hidrelétrica de Peixe, em Tocantins. Na época, ele disse que o apagão em 2001 inibiu investimentos estrangeiros no País.

Ontem, no programa de rádio, Lula afirmou que em 2001 houve um excesso de chuvas nas represas do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. A energia produzida nesses Estados não foi levada para outros centros, como São Paulo e Minas Gerais, por falta de linhas de transmissão, salientou. O presidente ressaltou que o governo dele está fazendo uma "revolução" na área. "Em 34 meses, já produzimos 9.627 quilômetros de linhas de transmissão", disse. "Isso representa um aumento de 13%, com investimentos de R$ 5 bilhões."

Lula observou que, atualmente, 15 hidrelétricas e 2 termoelétricas estão em construção. "Com os projetos que estão em andamento, pretendemos garantir (energia) sempre por cinco, seis ou quem sabe até dez anos à frente, para que a gente não corra risco na produção de energia", afirmou.

O presidente também citou os leilões de energia e a concorrência de empresas públicas e privadas no setor. "O que nós queremos é qualidade e energia, porque isso nos dá muita tranqüilidade e a certeza de que o Brasil, finalmente, tem o apagão apenas como fato histórico, que não voltará nunca mais."