Título: Ministro cobra definição sobre aftosa no Paraná
Autor: Fabíola Salvador
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/11/2005, Economia & Negócios, p. B6

O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, cobrou ontem dos técnicos da Secretaria de Defesa Agropecuária uma resposta definitiva sobre a suspeita de focos de febre aftosa no Paraná. "Não agüento mais essa conversa", desabafou. Ele acrescentou que colocou seus técnicos "de escanteio" ao exigir uma resposta rápida. "Preciso decidir isso", disse aos técnicos. "Não posso arrastar essa conversa por mais uma semana." Em 20 de outubro, a Secretaria de Agricultura do Paraná notificou ao ministério a suspeita de focos da doença no Estado. Os animais com sintomas de aftosa tiveram contato com rebanhos de Mato Grosso do Sul, onde foram confirmados 22 casos da doença. Mas os exames de laboratório deram resultados negativos. "É uma situação complicada", reconheceu o ministro. "Não podemos declarar um foco quando todos os exames dão negativos."

Rodrigues espera ter os resultados definitivos sobre o Paraná até o fim de semana. "Todas as indicações laboratoriais são muito firmes. Não tem aftosa no Paraná."

Por causa da suspeita, 36 municípios paranaenses foram considerados áreas de risco sanitário, o que impede o comércio de carne e subprodutos. Sem poder vender, os pecuaristas de leite desses municípios tiveram que jogar o produto nos pastos. Estão sendo investigados possíveis casos em Amaporã, Loanda, Grandes Rios e Maringá.

Sem saber ao certo se há ou não aftosa no Paraná, é difícil para o Brasil iniciar as negociações para a reabertura dos 49 mercados que barraram, de forma integral ou parcial, as compras de carne do Brasil. "Tudo mais fica pendurado a essa questão", disse o ministro.

Três técnicos da Secretaria de Relações Internacionais do ministério foram autorizados a visitar a Argélia e África do Sul para tentar encerrar o embargo imposto por esses países. Eles ficarão no exterior até dia 23.

Durante reunião do Conselho Agropecuário do Sul (CAS), semana passada, em Santa Cruz de La Sierra, Bolívia, os ministros do Mercosul Ampliado questionaram o ministro sobre a situação do Paraná. "Eles perguntaram muito sobre o Paraná. Queriam informações." Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai integram o grupo. "Foram muitas as perguntas. Eles queriam saber por que se diz que era o que não era foco de aftosa."

Na reunião, os ministros que integram o CAS reconheceram o trabalho do Ministério da Agricultura, o "esforço", segundo Rodrigues, que foi feito em relação a Mato Grosso do Sul.