Título: Imagem de N.S. de Nazaré é apedrejada em Belém
Autor: Carlos Mendes
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/10/2005, Vida&, p. A18

Um dia após a grande romaria do Círio de Nazaré, que reuniu 2 milhões de pessoas, evangélico arremessou duas pedras contra a santa e foi preso

BELÉM - Um dia depois de ter sido reverenciada por 2 milhões de pessoas durante a romaria do Círio de Nazaré, a imagem da padroeira dos paraenses foi atingida e derrubada com uma pedrada desferida por um homem que se disse evangélico e foi preso em flagrante na Praça do Santuário, onde a santa fica protegida por uma redoma de vidro durante a visita de fiéis. Em julho, outro homem invadiu o local e quebrou a réplica da imagem com uma barra de ferro. Na seccional urbana de São Braz, onde o acusado, José Ubiratan Leite, de 34 anos, foi autuado por danos, ele não quis prestar declarações ao delegado Edimar Ferreira. A pena para esse tipo de crime vai de um a três anos de prisão.

Bastante agitado, Leite, que teria sido aposentado por sofrer de esquizofrenia, disse aos policiais que atirou duas pedras contra a santa após receber "ordens de Satanás". Em poder dele a polícia encontrou uma carteirinha da igreja evangélica Assembléia de Deus com validade até 2007. Alguns pastores, que pediram para não ser identificados, condenaram a atitude de Leite, afirmando que ele tem distúrbios mentais.

Testemunhas contaram que Leite entrou no santuário sem que ninguém o impedisse. Trajava bermuda e tinha duas pedras grandes nas mãos. Ele atirou a primeira contra o vidro que protege a imagem, quebrando-o. A segunda pedra arremessada atingiu a imagem de 28 centímetros, derrubando-a.

O padre Francisco Silva, pároco de Nazaré, informou que a pedra atingiu o pino de sustentação da imagem. "Ela sofreu alguns danos na lateral e na coroa. Como é de madeira, saíram lascas", disse Silva. Os restauradores aconselharam a transferência da imagem para a Basílica de Nazaré, onde passará por reparos. No santuário da praça, ela será substituída por uma réplica.

Católicos criticaram o fanatismo religioso de pessoas como Leite. "Isso não contribui para o ecumenismo cristão que deve sempre prevalecer sobre as diferenças religiosas", comentou o professor Elivelton Santana.