Título: Turbulência política puxa juros
Autor: Denise Abarca e Mario Rocha
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/11/2005, Economia & Negócios, p. B11

A piora do cenário externo, à tarde, reforçou o humor negativo dos investidores, que têm dúvidas sobre o futuro da política econômica, se concretizados os rumores da saída do ministro Antonio Palocci. Os juros futuros projetaram alta, e os demais mercados tiveram um dia ruim (ver página B1). Na BM&F, a parte longa da curva de juros foi a mais castigada pelo aumento da cautela. O contrato de abril de 2006 projetou taxa de 17,76% ao ano, contra 17,71% no fechamento anterior. O de janeiro de 2007 projetou 17,29%, ante 17,12% na sexta-feira. Nos contratos mais curtos, permanece a percepção de que o Copom cortará a Selic em novembro, possivelmente em 0,5 ponto, e o de janeiro de 2006 chegou ao final da sessão praticamente estável, em 18,35% ao ano (18,34% na sexta-feira). A alta do dólar também contribuiu para o clima negativo.

A liquidez nos juros futuros foi boa para uma segunda-feira que antecede o feriado da Proclamação da República. Como os mercados estarão fechados hoje, os investidores preferiram se precaver, pois de terão de reagir ao Índice de Preços ao Produtor, nos Estados Unidos, com um dia de atraso. O consenso entre os analistas é de que o índice cheio ficou inalterado.

Enquanto isso, já se discute quem poderia suceder Palocci. Para os investidores, agradam nomes como Murilo Portugal, secretário-executivo da Fazenda, ou Marcos Lisboa, presidente do Instituto de Resseguros do Brasil e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda.

O Tesouro Nacional comprou ontem, em leilão, 23 mil NTN-Bs com vencimento em 15/5/2015, e 3.241 NTN-Bs com vencimento em 15/5/2045.

Com a queda de 0,96%, o Índice Bovespa passou a acumular alta de apenas 0,09% em novembro e de 15,36% em 2005. O movimento financeiro foi muito fraco, apenas R$ 870,531 milhões.

Um operador resumiu o sentimento dos investidores quanto a uma possível saída de Palocci: "O mercado zela pela estabilidade econômica com responsabilidade fiscal e controle da inflação. E o Palocci foi a boa surpresa do governo Lula nesse sentido".

As maiores altas foram de Bradesco PN (2,36%), Contax ON (1,72%) e Petrobrás ON (1,57%). As maiores quedas foram de Tele Leste Celular PN (4,94%), Banco do Brasil ON (3,76%) e Eletrobrás ON (3,48%).