Título: Assembléia de acionistas aprova venda da Varig
Autor: Alberto Komatsu
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/11/2005, Economia & Negócios, p. B13

A negociação da VarigLog e da Varig Engenharia e Manutenção (VEM) foi aprovada ontem na última instância interna da companhia. Assembléia de acionistas na sede da controladora Fundação Ruben Berta (FRB), em Porto Alegre, disse sim à venda das empresas por US$ 62 milhões à estatal portuguesa de aviação TAP, mas a decisão não foi unânime. Apesar de três acionistas minoritários terem votado contra o negócio, a manifestação de desagrado foi inócua. Isso porque eles representam não mais do que 10% das ações da Varig, enquanto só a FRB tem 87%. Os votos contrários vieram da Interunion Capitalização, que tem quase 8% do capital votante, da Associação de Pilotos da Varig (Apvar) e de Oscar Bürgel, acionista individual e presidente da Associação dos Mecânicos de Vôo da Varig (Amvvar).

"Não recebi todos os documentos (da reestruturação da Varig). Só me forneceram dados da VarigLog e da VEM. Estou analisando. A empresa se comprometeu a me fornecer um estudo do banco UBS com todas as propostas de investimentos feitos pela Varig", conta o advogado da Interunion, Leonardo Lobo, da Macedo, Lobo Advogados. A Interunion, do empresário Arthur Falk, está em liquidação desde 1997.

De acordo com ele, se a comparação entre as propostas indicar que a venda para a TAP não é a melhor, ele planeja entrar na Justiça contra o negócio. Semana passada, o representante do maior acionista individual da Varig registrou queixa na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) contra a negociação, alegando falta de informações.

A venda da VarigLog e da VEM poderá enfrentar pelo menos mais duas contestações judiciais ainda esta semana. O Trabalhadores do Grupo Varig (TGV) vai questionar o valor do negócio, levando em conta avaliação da consultoria Ernst & Young, na qual as subsidiárias valeriam cerca de US$ 270 milhões.

Segundo fontes do setor, a própria FRB estaria estudando entrar na Justiça contra o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O motivo seria a mudança de planos para o saneamento financeiro da Varig. A diretoria do BNDES, no entanto, tem negado que seu projeto de reestruturação sofreu alterações.

Antes do aval dos acionistas, a venda da VarigLog e da VEM à Sociedade de Propósito Específico (SPE) Aero-LB Participações já havia sido aprovada pelos credores e pela própria FRB. A SPE é integrada pela TAP, pelo fundo GeoCapital, de Macau, e pelo fundo Stratus, dos brasileiros Alberto Camões e Álvaro Gonçalves.