Título: PFL vai acionar MP contra irmão do presidente
Autor: Felipe Werneck
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/10/2005, Nacional, p. A12

Partido fala ainda em levar denúncias contra Vavá a uma das CPIs ou em convocá-lo para depor no Senado

BRASÍLIA - O PFL entrará hoje com representação no Ministério Público para apurar a atuação do irmão do presidente Lula, Genival Inácio da Silva, o Vavá, que intermediava pedidos de empresários em órgãos públicos. O partido também avalia, segundo o presidente Jorge Bornhausen (SC), levar a denúncia a uma das CPIs, se ficar comprovada a ligação de Vavá com setores investigados pelas comissões. Outra possibilidade é convocar o irmão de Lula para depor na Comissão de Fiscalização e Controle (CFC) do Senado, mesmo ciente de que a base aliada tentará boicotar a iniciativa. "Se ele cometeu atos ilícitos para aproveitar seu parentesco, é dever do partido encaminhar a denúncia a quem é de direito", alegou Bornhausen.

A denúncia foi revelada pela revista Veja, no fim de semana. Em entrevista, o ex-metalúrgico Vavá admitiu que encaminhava pedidos de empresários, disse que não ganhava nada com isso, mas esperava lucrar algo no futuro.

O deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA) pôs em dúvida a informação do Palácio do Planalto de que Lula desconhecia a atividade do irmão. "O tal Vavá foi atendido no Planalto, por um assessor da Presidência. Portanto, é difícil acreditar que isso não tenha chegado a Lula."

Na sua avaliação, a suposta omissão do assessor - de não denunciar o que viu - deveria ser punida com demissão. Aleluia se referiu ao assessor especial da Presidência, César Alvarez.

Em entrevista, anteontem, o próprio Alvarez disse ter ficado surpreso ao receber o irmão do presidente, acompanhado por representantes da Federação Brasileira de Hospitais.

DEFESA

O filho mais velho de Vavá, Edson Inácio Marin da Silva, negou ontem que o pai tenha atuado como lobista. Garantiu, ainda, que Vavá não tem sociedade com o advogado Emmanuel Quirino dos Santos - dono do escritório em São Bernardo do Campo que, segundo a Veja, foi aberto para facilitar negócios de empresas no governo. Edson afirmou que o pai tem problemas de saúde e, por isso, evita a imprensa. Informou, por fim, que Vavá poderá processar a revista.