Título: 'A pessoa era enterrada com o nome que usava', afirma coronel
Autor: Marcelo Godoy
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/10/2005, Nacional, p. A11

O coronel da reserva do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra, um dos processáveis segundo a Procuradoria, garantiu ontem que jamais ocultou um cadáver. Ex-chefe do DOI-Codi de São Paulo, ele disse que os enterros de guerrilheiros no Cemitério de Perus foram legais e citou o caso de Flávio de Carvalho Molina, militante do Movimento de Libertação Popular (Molipo). Segundo Ustra, Molina e outros que morreram usavam documentos de identidade verdadeiros, embora não fossem deles - os guerrilheiros obtinham certidões de nascimento legítimas com novos nomes e, por meio delas, tiravam todos os outros documentos. "A gente era obrigado a enterrar a pessoa com o nome que ela usava, mas fazia constar isso no inquérito. Só a Justiça podia reverter essa situação e declarar que aquela pessoa, na verdade, era outra."

O coronel disse que após cinco anos, quando a família não reclamava os corpos, esses mortos eram retirados das covas e passados para a vala comum, como acontecia com os indigentes. "Cada um foi enterrado com a identificação de sua quadra e cova. Ninguém foi enterrado clandestinamente."