Título: Deputado perde em Estados onde seu grupo venceu
Autor: Mariana Caetano
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/10/2005, Nacional, p. A8

No RJ e em MG, Campo faz presidentes locais, mas Pont vence disputa nacional

Vitorioso na maioria dos Estados onde houve segundo turno nas eleições para presidente regional do PT, o Campo Majoritário, conjunto de tendências moderadas que dirige o PT há 10 anos, não conseguiu transferir totalmente para seu candidato a presidente nacional, Ricardo Berzoini, alguns de seus bons resultados locais. O Campo ganhou as presidências regionais do partido em Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Sergipe, e liderava a apuração em Minas Gerais. Mas em alguns desses Estados o vencedor da disputa nacional foi Raul Pont, da Democracia Socialista (DS). No Rio, por exemplo, com cerca de 90% das urnas apuradas, Alberto Cantalice, do Campo, com 7.543 votos, já era considerado ontem o vencedor na disputa pela presidência regional. Sua adversária, a deputada estadual Jurema Batista, do grupo local Opção Popular, ligado ao Movimento PT, reconheceu a derrota, porque tinha apenas 5.395 votos, faltando cerca de 1.200 para serem apurados. Mas na disputa pela presidência nacional Pont já conseguira 7.320 votos, enquanto Berzoini tinha 5.725 - uns 2.000 votos a menos que Cantalice.

O resultado, apesar de ser uma derrota eleitoral, foi considerado uma vitória política por William Campos, integrante da executiva regional e da coordenação da campanha do Campo Majoritário no Estado.

DESCONHECIDO

"Milagre a gente não faz", disse. "O Campo Majoritário está desmoralizado nacionalmente; o do Rio de Janeiro, não." Ele reconheceu que alguns grupos locais apoiaram Cantalice no Rio, mas não fizeram campanha para Berzoini, por causa da crise, e afirmou que o candidato a presidente nacional pelo Campo é "desconhecido" entre os petistas fluminenses. "Conheci Berzoini há 20 dias", contou. William Campos considerou excelente o resultado nacional, diante do quadro vivido pelo partido há quatro meses. "O Rio de Janeiro se preparou para votar em Tarso Genro (candidato anterior do Campo a presidente, substituído por Berzoini). Quando o Tarso renunciou, matou o Campo no Rio."

QUADRO

Em Minas Gerais, o quadro era semelhante. O candidato a presidente do PT mineiro, Nilmário Miranda, até o fim da tarde vencia com 10.972 votos, contra 8.842 para Durval Ângelo Andrade, do grupo local Tribo. Já Berzoini tinha 8.054 votos, menos que o segundo colocado local. Pont tinha votação maior até que a de Nilmário: 11.687.

Em outra grande seção do partido, a Bahia, Pont vencia Berzoini por 3.672 a 3.040. O resultado, porém, acompanhava o desempenho do candidato da Articulação de Esquerda a presidente local, Marcelino Galo, que, com 3.412 votos, vencia o postulante do Campo, José Maria, que tinha 3.273 votos.

No Rio Grande do Norte, Geraldo Pinto, do Campo, teve 1.488 votos e Acácio de Brito, 1.204. Mas Pont venceu Berzoini no Estado, por 1.429 a 1.263 (nessa contagem, a totalização nacional ainda estava em 92,1%). O mesmo não ocorreu em Mato Grosso do Sul e Sergipe, onde as respectivas vitórias de Mariano Cabreira e Márcio Macedo, do Campo, corresponderam às maiorias locais obtidas por Berzoini sobre Pont: 2.903 a 2.658, no primeiro caso, e 2.073 a 1.316, no segundo.

Computados os resultados dos dois turnos, o Campo terá 20 presidentes. O Movimento PT, de centro, 2; a esquerda, 4. A Bahia pode ter um presidente radical, mas o resultado era indefinido.