Título: Atentados em 3 hotéis de Amã deixam pelo menos 57 mortos e 115 feridos
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/11/2005, Internacional, p. A12

A tranqüila capital da Jordânia, Amã, foi alvo ontem de atentados terroristas quase simultâneos contra três hotéis de redes americanas, com um saldo de pelo menos 57 mortos e 115 feridos, segundo o vice-primeiro-ministro Marwan Muasher. Algumas autoridades falaram em 67 mortos, o que não pôde ser confirmado. Faltavam poucos minutos para as 21 horas (16 horas em Brasília) quando as fortes explosões assustaram os moradores da capital. As autoridades acreditam que foram ataques suicidas. Os hotéis Grand Hyatt, Days Inn e Radisson SAS costumam receber muitos turistas, empresários e diplomatas da Europa, Israel e EUA. Após os ataques, a polícia isolou os grandes hotéis e as missões diplomáticas em Amã. O governo declarou o dia de hoje feriado nacional, aparentemente para reforçar a segurança da cidade. O Radisson é muito popular entre os turistas israelenses e já foi alvo nos últimos anos de várias tentativas fracassadas de ataque de grupos extremistas ligados à Al-Qaeda (ler mais ao lado). "Os ataques de hoje têm a marca da Al-Qaeda", disse um oficial da polícia, que falou sob anonimato. "Ainda estamos investigando." O rei Abdala, em visita oficial ao Casaquistão, classificou os atentados de atos criminosos e antecipou seu retorno à Jordânia. A entrada do Hyatt, onde houve o maior número de mortes, ficou completamente destruída. "Foi um milagre termos conseguido sair sem um arranhão", disse um hóspede britânico. "Vários amigos meus morreram. As pessoas que fizeram isso foram covardes", lamentava um empresário americano, que não quis dar o nome. No Radisson, a explosão foi num salão onde 300 pessoas festejavam um casamento. Segundo a polícia, a bomba foi colocada no forro do teto. "Pensamos que eram fogos de artifício, mas depois vi pessoas caindo", disse Ahmed, um dos convidados. "Vi sangue, pessoas mortas. Foi horrível."Até a noite não havia informações sobre a nacionalidade das vítimas. Este é o primeiro ataque terrorista em grande escala na Jordânia, como observou o jornalista Ayman al-Safadi, editor do diário jordaniano Al-Ghad, referindo-se a tentativas anteriores mal-sucedidas ou desarmadas pelas forças de segurança. Na mais recente, em agosto, extremistas lançaram três foguetes contra um navio americano no porto de Ácaba, no Mar Vermelho, mas não o atingiram. Os projéteis caíram em instalações militares jordanianas, matando um soldado, e na vizinha cidade israelense de Eilat, sem causar vítimas. Na época, as autoridades atribuíram o ataque à Al-Qaeda. Apesar de ser aliada dos EUA, a Jordânia escapou da onda recente de atentados no Oriente Médio e é vista como país estável e seguro. Diplomatas e empresários a caminho do Iraque se hospedam em Amã, bem como iraquianos ricos que fogem da violência em seu país. Nos últimos anos a Jordânia prendeu dezenas de militantes islâmicos acusados de planejar atentados e condenou vários foragidos à morte, incluindo o jordaniano Abu Musab al-Zarqawi, que comanda a Al-Qaeda no Iraque. Muasher disse que Zarqawi está no topo da lista de suspeitos dos atentados de ontem. Algumas autoridades falam em 67 mortos. Polícia atribui a homens-bomba ataques quase simultâneos e Zarqawi é o suspeito n.º 1