Título: Garçom dirá que viu acerto para matar Toninho
Autor: Rosa Costa
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/11/2005, Nacional, p. A10

Testemunha identificada pelo codinome "Jack" vai prestar depoimento secreto na CPI dos Bingos

Um dia depois de ouvir Roseana Garcia, viúva do prefeito de Campinas, Antonio da Costa Santos, o Toninho do PT, a CPI dos Bingos aprovou os primeiros requerimentos para investigar o assassinato, ocorrido em setembro de 2001. Os senadores querem ouvir o garçom que disse ter escutado, num bingo da cidade, pessoas fazendo acertos para matar Toninho. Por motivos de segurança, ele é identificado pelo codinome Jack. Seu depoimento deve ser secreto. Roseana afirmou que a Polícia Civil e o Ministério Público de Campinas não levaram as declarações de Jack a sério. A CPI também aprovou uma espécie de apoio à decisão do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, de pedir que a Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Humanos investigue a "chacina" de quatro jovens em Caraguatatuba, dois deles acusados pela polícia de serem os matadores de Toninho. De iniciativa do senador Eduardo Suplicy (PT-SP), a proposta objetiva transferir a investigação do assassinato de Toninho para a Polícia Federal, quatro anos depois do crime.

A declaração de Roseana de que foram retomados pela prefeitura de Campinas contratos suspeitos após a morte de seu marido foram contestadas pela prefeita petista que o substituiu, Izalene Tiene, e pelo consórcio Ecocamp, de limpeza pública.

Em nota, a ex-prefeita disse que Toninho, quando assumiu, fez uma renegociação do contrato de limpeza, que passou de R$ 133 milhões para R$ 93 milhões. Segundo ela, os serviços que não foram executados pela empresa passaram a ser feitos por servidores temporários, pelo período de um ano. "Depois disso, o mutirão não pôde ser mantido por impossibilidade de prorrogação dos trabalhos temporários." Disse ainda que até 2004, quando expirou, "o contrato sofreu três reajustes que já estavam previstos quando de sua assinatura: 10% em 2001, 11% em 2002 3 10% em 2003".

O consórcio Ecocamp afirmou que o acordo firmado no dia 13 de julho de 2001, "de forma bastante transparente, contemplou os interesses das partes envolvidas e suas bases estão em vigência até hoje, inclusive com relação ao preço".

A CPI dos Bingos também aprovou requerimento de Suplicy convocando para depor a proprietária da empresa de transporte urbano Rosângela Gabrilli. Em depoimento ao Ministério Público, ela revelou que a empresa era extorquida pela prefeitura de Santo André, na gestão de Celso Daniel, para manter as linhas de ônibus.