Título: Por 12 votos a 2, Conselho pede cassação de Queiroz
Autor: João Domingos
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/11/2005, Nacional, p. A8

Deputado do PTB, que fez 57 anos ontem, quase chorou e deu murros na mesa

O Conselho de Ética da Câmara aprovou por 12 votos a 2 o pedido de cassação do deputado Romeu Queiroz (PTB-MG), sinalizando que punirá com perda de mandato os que receberam dinheiro do esquema de caixa 2 do empresário Marcos Valério. O PTB ainda tentou uma manobra regimental de última hora para evitar a votação e enviar o processo diretamente ao plenário, onde acredita que Queiroz terá mais chance de se livrar da cassação. Assim como aconteceu com todos os processos nos quais o conselho aprovou a cassação, o PTB anunciou que recorrerá à Comissão de Constituição e Justiça da Câmara contra a decisão.

Queiroz quase chorou, deu murros na mesa e se defendeu dizendo que não colocou "nenhum centavo no bolso" dos R$ 452 mil que, como presidente do PTB de Minas Gerais, obteve do PT e da SMPB, uma das empresas de Valério. Queiroz, que ontem completou 57 anos, esperava mais apoios embora soubesse que o resultado seria desfavorável. "Eu estava de cabeça feita. Mas achei que fosse ter uns seis votos a meu favor", disse. Ele avaliou que alguns deputados votaram pela cassação depois que o parecer já estava aprovado com oito votos.

O placar surpreendeu o próprio relator, Josias Quintal (PSB-RJ), que previa quatro votos contrários. O resultado tem de ser confirmado pelo plenário da Câmara em votação secreta. Para perder o mandato são necessários 257 votos a favor do parecer de Quintal. "Vou procurar cada um dos 512 deputados e confio 100% que o plenário vai inverter esse quadro", disse Queiroz. As amizades do deputado podem, segundo avaliação do deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), pesar a favor de Queiroz no resultado final.

A votação em plenário deve ser marcada para dia 30, na semana seguinte ao julgamento do deputado José Dirceu (PT-SP). Única aliada de Dirceu no Conselho de Ética, a deputada Ângela Guadagnin (SP) defendeu uma punição mais branda para Queiroz. Momentos antes da votação, Ângela deixou a sessão e o voto contrário foi dado pela suplente Neyde Aparecida (PT-GO). A assessoria de Ângela informou que a deputada se sentiu mal e viajou para São Paulo.