Título: PT pede corte de fundo partidário do PSDB
Autor: Mariana Caetano
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/11/2005, Nacional, p. A7

Representação na Justiça Eleitoral repete iniciativa idêntica dos tucanos contra petistas, em julho

O PT pediu à Corregedoria-Geral da Justiça Eleitoral que reexamine a prestação de contas do PSDB em 2002, alegando a existência de "recursos não contabilizados" - caixa 2 -, e suspenda o repasse do fundo partidário à legenda. O presidente do PT, Ricardo Berzoini, foi recebido na noite de terça-feira pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Carlos Veloso, pedindo "tratamento isonômico" do tribunal na análise das contas do PT e demais partidos. A representação levada à corregedoria repete ação semelhante feita pelo PSDB, contra os petistas, em julho. Outra petição, apresentada por Berzoini, cobra a "isonomia".

O PT citou três argumentos para que a Justiça Eleitoral rejeite as contas tucanas: pendências nas prestações de dois anos anteriores e a suspeita de caixa 2 na campanha presidencial de José Serra em 2002.

As pendências da eleição tratam da comprovação dos serviços prestados por duas gráficas: Computer Graphics e Intertrade, denúncia veiculada à época pela revista Veja, que hoje, aliás, o PT também processa. O TSE aprovou as contas de Serra, que repassou ao PSDB dívidas de mais de 2 milhões. O PT alega que essas contas, onde se inclui a despesa das gráficas, não foram zeradas com a devida identificação dos serviços. "Houve omissão de notas e até hoje essa situação não foi esclarecida", diz o advogado da bancada do PT na Câmara, Márcio Luiz Silva.

Se o corregedor Humberto Gomes de Barros constatar as irregularidades citadas na ação petista e recomendar ao TSE que rejeite as contas tucanas, o PSDB pode não apenas ter suspenso o fundo, mas, em última instância, perder o registro partidário. O PT prepara ações do gênero também contra o PFL.

Atualmente, há sete processos tramitando contra o PT no tribunal, três deles pedem a cassação do registro partidário.

A ação recomendada pela Executiva Nacional do partido contra o ex-presidente do PSDB, Eduardo Azeredo (MG), entretanto, está na geladeira. A Executiva pediu "tratamento isonômico" no Congresso a todos os citados no escândalo do mensalão, e começou a negociar com as bancadas no Congresso uma representação contra Azeredo no Conselho de Ética. Ministros e senadores resistem à iniciativa.