Título: Advogado defende penas diferentes para os réus
Autor: José Maria Tomazela
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/11/2005, metrópole, p. C4

Representante dos Cravinhos dá a entender que Suzane tem mais culpa no crime e pode pedir julgamentos em separado

O advogado Geraldo Jabur, que defende os irmãos Cristian e Daniel Cravinhos, disse ontem que vai pedir ao júri a condenação de seus clientes, acusados do assassinato do casal Manfred e Marísia von Richthofen, ocorrido há três anos. Jabur disse que considera "impossível" pedir a absolvição em vista das circunstâncias do crime. "Não vou querer eventualmente buscar uma solução impossível", justificou. A estratégia da defesa, segundo Jabur, será a de buscar um abrandamento da pena. Ele deu a entender que considera a filha das vítimas, Suzane von Richthofen, mais culpada que os seus clientes. "Eu acho que eles devem responder proporcionalmente pelo que fizeram."

O advogado considerou demorada a decisão da Justiça de conceder habeas-corpus em favor dos irmãos. Para ele, isso já deveria ter acontecido há cinco meses, quando Suzane foi libertada. "Se um réu é beneficiado, a lei prevê a extensão dos benefícios aos co-réus", disse.

Jabur evitou fazer previsões sobre um possível resultado do julgamento, mas disse que a defesa usará todos os recursos em favor dos irmãos. Ele considera a hipótese de pedir o desmembramento dos julgamentos, dependendo da estratégia a ser usada pelos advogados de Suzane. O advogado considerou que pode ser benéfico para os réus serem julgados em separado.

Pelo Código Penal, é o juiz quem decide o tamanho da pena que um réu considerado culpado pelo júri popular deve cumprir, dentro do previsto em lei. "O juiz deve fundamentar a decisão, quais agravantes ou atenuantes considerou para definir a pena", explicou o jurista Luiz Flávio Gomes. "São levados em conta fatores como grau de relação com a vítima, motivo do crime, a personalidade do agente, entre outros", completou Fernando Castelo Branco, professor de Processo Penal da Pontifícia Universidade Católica (PUC).

Jabur recomendou aos pais dos Cravinhos que eles não sejam levados de imediato para a casa da família, para evitar assédio. "O processo de reintegração é difícil e demorado e um fato como esse deixa marcas."

O advogado de Suzane, Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, disse não ter tido contato recente com a cliente, mas afirmou que deve falar com ela até amanhã.