Título: Pai: 'Perto deles, Romeu e Julieta eram fichinha'
Autor: José Maria Tomazela
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/11/2005, Metrópole, p. C1

O diretor de cartório aposentado Astrogildo Cravinhos, de 61 anos, disse que seu filho Daniel amava Suzane intensamente. "Perto deles, Romeu e Julieta eram fichinha", disse. O casal teria sido assassinado porque não concordava com o namoro. Suzane confessou ter aberto a porta da casa para os irmãos. "Ele ainda adora a moça", dizia o pai, enquanto esperava a saída dos filhos da prisão. O diretor-geral Fábio Alessandro de Oliveira não permitiu que ele entrasse na unidade com os advogados.

Sem se referir diretamente ao amor entre os dois como a causa do crime, Cravinhos disse que Daniel fazia tudo o que a namorada pedia. "Era louco por ela." Contou que o rapaz ficou feliz quando a jovem conseguiu a liberdade. Contrariando parecer do advogado Geraldo Jabur, para quem os jovens não devem reatar o namoro, ele não pretende impedir que o filho faça isso, "mas vai depender mais dela". Desde que foi solta, em junho, Suzane está em casa de parentes, na região de Campinas.

Segundo Cravinhos, os dois filhos sempre se apoiaram. "São unha e carne." Ele reclamou do tratamento que os filhos receberam da imprensa. "Foram massacrados, sem direito a defesa." Mas não soube explicar o que motivou o crime. "Sempre foram pessoas ótimas, prestativas." Reconheceu que Cristian teve problemas com consumo de drogas. "Mas nunca foi internado para tratamento e venceu o vício com o próprio esforço." Cravinhos pretende submeter os filhos a avaliação psicológica. "Se precisarem de um acompanhamento de especialistas, vão ter."

Ele destacou que a situação financeira da família, que era tranqüila, foi bastante afetada pela prisão dos jovens. Sobre a declaração do advogado, de que pedirá que sejam condenados, mas a penas brandas, disse que Jabur "sabe o que faz". "Como pai, não gostaria que fossem condenados, mas sei que o advogado não pode fazer outra coisa."