Título: Petrobrás investe para levar produto ao exterior
Autor: Chico Siqueira
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/11/2005, Proálcool 30 anos, p. H5

O aquecimento do setor sucroalcooleiro, o Protocolo de Kyoto e as altas no preço do barril de petróleo levaram a Petrobrás a investir novamente no álcool 30 anos depois de ter deixado o setor. Por meio da subsidiária Transpetro, a companhia prevê investir US$ 330 milhões até 2010 na captação, transporte e exportação de 5,5 bilhões de litros de álcool produzido no interior de São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais e Estados do Nordeste. A maior parte dos recursos deve ser investida em São Paulo. De olho na abertura de 31 novas destilarias nos próximos 5 anos no oeste e noroeste do Estado, a Petrobrás tem projeto pronto para investir US$ 160 milhões em obras para escoamento da produção pela Hidrovia Tietê-Paraná. O projeto prevê a construção de 4 terminais (US$ 39 milhões), aquisição de 40 barcaças (US$ 56 milhões) e 12 empurradores (US$ 20 milhões), além da construção de 90 km de dutos (US$ 45 milhões). "Serão dois terminais no Rio Tietê, em Araçatuba (SP) e Conchas (SP), e outros dois no Rio Paraná, em São Simão (GO) e Presidente Epitácio (SP)", diz Emanuel Nazareno Filho, engenheiro de Novos Negócios e Parcerias da Transpetro. Segundo Nazareno Filho, o objetivo é transportar 2 bilhões de litros de álcool/ano a partir de 2008/2009. O álcool, produzido no noroeste de São Paulo, sul de Mato Grosso do Sul, interior de Goiás e norte do Paraná, será recolhido nas usinas e levado de caminhões aos terminais de Araçatuba, São Simão e Presidente Epitácio, de onde será recolhido por barcaças e levado ao terminal de Conchas. De lá, será escoado por duto até a Refinaria de Paulínia, seguindo também por duto até Duque de Caxias (RJ), para ser escoado, ainda por duto, até o terminal marítimo de Ilha D´Água, de onde será exportado. "O interessante neste projeto é que os dutos e barcaças farão um caminho de duas mãos. Levarão outros 2 bilhões de litros de gasolina e diesel a essas regiões e voltarão com outros 2 bilhões de litros de álcool para a exportação", ressalta Nazareno Filho. Segundo ele, os estudos mostram que a Petrobrás poderá atender a uma demanda internacional de 4,5 bilhões de litros de álcool a partir de 2010, quando a demanda brasileira será 25 bilhões de litros. O uso da hidrovia para escoamento do álcool é estudado em parceria com a Secretaria de Transportes de São Paulo. Segundo Osvaldo Rosseto, diretor de Hidrovias da Secretaria de Transportes de São Paulo, o projeto passa por análise do Grupo de Trabalho do Projeto do Complexo Duto-Hidroviário do Tietê-Paraná, formado por profissionais de diversas áreas que estudam a viabilidade técnica de sua implantação. "Falta muito pouco para uma aprovação final da nossa parte", diz Rosseto, que coordena o grupo. Outra parte dos US$ 330 milhões será usada na construção de 470 quilômetros de dutos ligando o sul de Minas Gerais e Sertãozinho (SP) ao duto da Replan, em Paulínia, que prevê investimentos de US$ 158 milhões entre 2005 e 2010. Outro duto, ainda em estudo, ligaria o terminal de Guararema (SP) com o Porto de São Sebastião, que passaria a ser outra via de exportação. Outros investimentos estão previstos para Paraná (US$ 8 milhões) e para o Ceará (R$ 4 milhões).