Título: Exames provam que Paraná está livre de aftosa
Autor: Agnaldo Brito
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/11/2005, Economia & Negócios, p. B9

Depois de provas e contraprovas, material enviado a laboratório de Belém do Pará deu resultado negativo

O Laboratório Nacional de Apoio Agropecuário (Lanagro), de Belém do Pará, anunciou ontem que as suspeitas de febre aftosa no Paraná não se confirmaram. A avaliação de que o Estado estava livre da aftosa havia ganhado força nos últimos dias. Depois de provas e contraprovas, todos os exames de materiais das quatro propriedades onde havia animais suspeitos deram negativo. O laudo com o resultado final foi enviado ontem à tarde à Secretaria de Defesa Agropecuária, órgão do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SDA/Mapa).

Desde a semana passada, o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, deu declarações de que o Paraná poderia estar livre da aftosa. Anteontem, ele voltou ao tema dizendo que talvez tenha sido "precipitada" a atitude do Brasil em relação às suspeitas no Paraná.

No caso de Mato Grosso do Sul, o governo apenas se pronunciou oficialmente quando o Lanagro do Recife, responsável pelas análises de materiais colhidos em Eldorado (MS), confirmou a doença.

A decisão de interditar o gado das cinco cidades onde havia propriedades com suspeitas de foco (Amaporã, Grandes Rios, Maringá, Toledo e Loanda) e outras 32 no entorno amplificou o estado de alerta do País, já existente em razão dos casos confirmados de aftosa no sul de Mato Grosso do Sul.

A informação sobre as suspeitas no Paraná - apresentada pelo governo local no dia 21 de outubro - provocou novos anúncios de embargo à carne brasileira. Até o dia 20 desse mês, 41 países haviam interrompido a importação parcial ou totalmente de carne do Brasil.

Oito novos países tomaram a mesma decisão nos dias subseqüentes ao comunicado das suspeitas no Paraná. O governo tenta agora reverter a situação.

O Lanagro teve muitos problemas com o material coletado dos animais e enviado pelos técnicos sanitários do governo do Paraná a Belém do Pará. As coletas chegaram a ser refeitas. Em nenhum desses materiais foi possível isolar o vírus da aftosa, o que, pelas provas e contraprovas, significa ausência da contaminação.

As suspeitas sobre o Paraná foram amplificadas em razão da venda de animais originários da região afetada em Mato Grosso do Sul. Poucos dias antes das suspeitas na Fazenda Vezozzo, onde houve o primeiro foco confirmado - no município de Eldorado -, um lote de 40 animais de uma fazenda vizinha, a Bonanza, de propriedade do pecuarista José Moacir Turquino, foi transportado para um leilão em Londrina (PR).

A saúde desses animais foi atestada pela Agência Estadual de Defesa Animal e Vegetal (Iagro), de Mato Grosso do Sul. As autoridades sanitárias do Paraná também haviam atestado a sanidade do gado. Como tiveram origem na mesma região do foco, houve a ilação imediata de que esses animais seriam os vetores do vírus da aftosa. A relação não foi confirmada.

ABIEC

O presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadores de Carne (Abiec), Marcus Vinícius Pratini de Moraes, disse ontem que, agora, o governo precisa pedir a reabertura dos mercados fechados.