Título: Ministro da Fazenda é tratado com cortesia na CAE
Autor: João Domingos e Luciana Nunes Leal
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/11/2005, Nacional, p. A5

A oposição guardou munição. O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, foi tratado com muito respeito e cortesia no depoimento à Comissão de Economia (CAE) do Senado. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que se sentou o tempo todo à Mesa, determinou a suspensão dos trabalhos do plenário e facultou o uso de suas dependências para o ministro. Também fizeram parte da Mesa da CAE os senadores Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e José Sarney (PMDB-AP), dois ex-presidentes do Senado. Tanta amabilidade rendeu críticas por parte da senadora Heloísa Helena (PSOL-AL), mas ninguém se abalou. Por várias vezes Palocci deu suas explicações enquanto olhava de frente para Renan, ACM e Sarney. Renan sempre balançava a cabeça em sinal de aprovação.

Palocci chegou a ser ouvido quando houve a proposta de que a audiência passasse para o plenário do Senado. "Por mim, tudo bem", disse ele. O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), interveio e manteve a reunião ali mesmo.

Sarney não foi só cortês. Escreveu vários bilhetinhos, entregando-os ao jornalista Marcelo Neto, assessor de imprensa do ministro. O secretário-executivo da Fazenda, Murilo Portugal, era consultado por Palocci o tempo todo. Levava e trazia papéis, ouvia-o, falava e às vezes fazia anotações.

Palocci, que no início parecia muito nervoso - rodava uma caneta Bic entre os dedos, coisa que não faz em situações normais -, foi se acalmando e ficou à vontade. Tanto é que quando começou a falar - após 50 minutos de questões de ordens dos senadores - tinha o controle da situação. Várias vezes esqueceu o "vossa excelência" usado para o tratamento aos senadores, chamando-os de "vocês".

Um grupo de estudantes levantou cartazes com os dizeres "o povo não é palhaço, o povo não é palhocci", na área dos jornalistas, mas foi retirado pela segurança.