Título: Economia mundial forte não afasta riscos, diz G-10
Autor: Jamil Chade
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/11/2005, Economia & Negócios, p. B3

Os xerifes das finanças internacionais pedem para que os bancos centrais continuem vigilantes em relação à situação mundial e advertem para o fato de que os mercados financeiros estão subestimando os riscos para a economia. A avaliação é do G-10, grupo dos dez maiores BCs do mundo, que ontem se reuniu na Basiléia, Suíça, para o último encontro do ano. Apesar do alerta, os presidentes dos BCs acreditam que o crescimento da economia mundial continua "robusto" e o motor desse desempenho são os mercados emergentes. "Vemos que a economia mundial está robusta, mas isso não quer dizer que não temos riscos", afirmou Jean-Claude Trichet, presidente do BC Europeu e porta-voz do G-10. Segundo ele, entre os principais riscos está o preço elevado da energia. Trichet, porém, afirma que é difícil prever qual será o valor do barril do petróleo, embora o aumento tenha desacelerado nas últimas semanas.

Outro risco destacado por Trichet é o surgimento de algumas tendências protecionistas em alguns mercados, além dos desequilíbrios em alguns países, como o déficit americano.

O G-10 ainda foi claro em relação ao papel dos bancos centrais e sugeriu que adotem medidas para continuar contendo a inflação. "Os BCs precisam continuar mostrando credibilidade, inclusive nos países emergentes." Quanto ao lado positivo, Trichet destaca que os furacões que atingiram os EUA nos últimos meses não terão um impacto prolongado sobre a economia americana ou mundial.

Para Trichet, os mercados emergentes terminarão 2005 com um desempenho importante. "Os principais mercados emergentes, seja na América Latina ou Ásia, estão sendo a força na base do crescimento mundial."

O G-10 ainda destacou o crescimento do comércio entre os países emergentes e a incorporação de trabalhadores de qualidade da América Latina, Ásia e Leste Europeu na economia mundial. "São trabalhadores que estavam fora dos mercados e estão se incorporando de forma rápida", afirmou Trichet.