Título: Mais de 1.400 ligações entre Poletto e assessor da Fazenda
Autor: Expedito Filho, Rosa Costa
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/11/2005, Nacional, p. A8

Auxiliar direto de Palocci, Ademirson manteve total de 51 horas de conversa com acusado de participar da operação Cuba

Dados provenientes de quebra de sigilo telefônico mostram a proximidade de um funcionário de confiança do Ministério da Fazenda com um dos principais integrantes da chamada "República de Ribeirão Preto". Ademirson Ariosvaldo da Silva, assessor direto do ministro Antônio Palocci, trocou pelo menos 1.434 ligações com o economista Vladimir Poletto, ex-funcionário da prefeitura de Ribeirão, de 23 de junho de 2003 a 30 de agosto de 2005. No balanço final, foram 51 horas de diálogos, segundo levantamento da CPI dos Bingos. Poletto ligou 919 vezes para Ademirson e recebeu de volta 515 ligações.

Desse total, 851 ligações foram feitas para Ademirson num celular da Presidência que costumava ser atendido pelo ministro. As ligações de Poletto para Ademir foram feitas desse telefone e de outro celular, pertencente à Coordenação-Geral de Recursos Humanos e Logística do Ministério da Fazenda.

Os assessores de Palocci informaram que ele não vai se pronunciar sobre as ligações.

Os técnicos da CPI passaram a tarde de ontem passando um pente fino nos papéis gerados pela quebra de sigilo. Uma das ligações foi feita para a casa do ministro em Brasília, no sábado, 28 de junho de 2003. Poletto falou por três minutos e meio.Entre as 51 horas checadas pela CPI, existem ligações com até 10 minutos de duração.

BURATTI

As ligações revelam que Poletto tinha mesmo conexão com o advogado Rogério Buratti, outro ex-assessor de Palocci. Em 2 de abril de 2003 - dia em Buratti se reuniu com um dirigente da GTECH para supostamente intermediar a renovação de um contrato com a Caixa Econômica Federal -, ele e Poletto se falaram três vezes. No dia 8 de abril, data da assinatura do contrato, Buratti e Poletto trocaram cinco ligações.

Técnicos da CPI lembram que, no mesmo 8 de abril, o ex-assessor Ralph Barquete, apontado por Buratti como seu mentor no negócio da intermediação, teria falado 14 vezes com Ademirson. Foram conversas curtas, ao longo do dia.

Buratti e Poletto também são acusados de ter ajudado, em 2002, no transporte de US$ 3 milhões vindos de Cuba para o caixa 2 do PT. A CPI vai quebrar o sigilo desse período.