Título: PFL acha que não é hora para impeachment
Autor: Carlos Marchi
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/11/2005, Nacional, p. A5

O presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), disse ontem que o impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é,no momento, "inatingível". Segundo ele, há dois obstáculos para abertura de um processo de afastamento de Lula: a base parlamentar que sustenta o presidente no Congresso tem força para barrar o pedido e há dificuldade para apurar todas as acusações contra o governo. "Quando foi aberto o impeachment contra o então presidente Fernando Collor, nós havíamos identificado o foco da corrupção. Como agora há uma metástase do ponto de vista da corrupção, fica mais difícil investigar. Além disso, o governo tem no Congresso uma base com força suficiente para dificultar a abertura do processo de impeachment. Collor não tinha essa base", afirmou ele.

A opinião de Bornhausen reforça a tese da oposição de que o melhor é tentar derrotar o governo nas urnas em 2006. Para o presidente do partido, Lula terá dificuldades para se reeleger. "Ele (Lula) pode ser o candidato mais forte do PT. Mas ele vai passar a campanha toda tendo de comentar as denúncias. Está enjaulado."

O senador apresentou o filme do programa do PFL idealizado pelo cientista político Antônio Lavareda. O programa, com 20 minutos de duração, será exibido hoje em cadeia de rádio e TV no horário eleitoral gratuito. Com o slogan "O PT e o governo Lula, um péssimo exemplo para o Brasil", o PFL compara Lula a um rei 'vaidoso e arrogante" que gosta apenas de viajar. "O rei está nu", repete uma das apresentadoras. São explorados os casos de corrupção, a alta taxa de impostos, os problemas administrativos e as promessas não cumpridas.

"O governo petista é devorador de impostos, esbanja dinheiro e ainda por cima o presidente não trabalha", acusa Bornhausen no programa.

Entre os vários casos que comprovariam a "falta de capacidade administrativa do PT" é citada a carência de investimentos na área de defesa sanitária para o combate à febre aftosa e os baixos recursos para o fundo de segurança pública. O programa exibe imagens em que Lula fala de seu compromisso com a ética e compara a declaração com as várias denúncias de corrupção investigadas pela CPI dos Correios. Uma frase do presidente, "Está para nascer alguém que me dê lição de ética", é retomada pelo PFL, intercalada com imagens do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares depondo na CPI dos Correios.