Título: Polícia de Ribeirão diz ter mapa de superfaturamento na gestão Palocci
Autor: Chico Siqueira e Gustavo Porto
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/11/2005, Nacional, p. A8

O delegado seccional de Ribeirão Preto, Benedito Antonio Valencise, disse ontem que a polícia tem em seu poder um mapa que comprovam os crimes superfaturamento, peculato e falsidade ideológica no serviço de limpeza urbana feito pelo Grupo Leão Leão durante a gestão do ex-prefeito (2001-2002) e atual ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Segundo o delegado, o mapa, que foi apreendido num órgão da administração municipal, é na verdade uma planilha usada para justificar o pagamento de serviços de limpeza que não eram feitos pela Leão Leão. Os recursos pagos a mais ao Grupo Leão Leão voltavam para a Prefeitura de Ribeirão Preto por meio de notas frias.

Segundo o advogado Rogério Buratti, ex-diretor do Grupo Leão Leão, os recursos engordavam o caixa 2 do PT em repasses mensais de R$ 50 mil para as administrações de Palocci e de seu sucessor Gilberto Maggioni (2002-2004).

"Indiscutivelmente, o superfaturamento está comprovado. A empresa (Leão Leão) fazia o trabalho, que precisava ser pago. Mas tinha de ser liberado um montante a mais que deveria voltar para os bolsos de alguém e isso era feito por meio de falsificações de documentos", disse o delegado.

De acordo com Valencise, as investigações vão comprovar quais foram as pessoas dentro da Prefeitura de Ribeirão Preto que autorizaram o empenho e o pagamento dos serviços. O delegado, que na semana passada havia declarado ter provas contra Palocci e Maggioni, recuou ontem e disse que elas ainda não apareceram.

Ele afirmou ter ouvido o depoimento de oito pessoas, cujas identidades não foram reveladas, e que nenhuma delas citou os nomes de Palocci ou de Maggioni, exceto Buratti, autor da denúncia. "Para ligarmos a determinadas pessoas ainda é muito cedo. Serão feitas mais investigações para se individualizar as condutas e chegarmos à pessoa que teve maior envolvimento no caso", declarou o delegado. "Não há que se falar em indiciamento ainda", afirmou.

Sobre as denúncias dos mensalinhos pagos ao PT levantadas por Buratti, Valencise disse que o valor será investigado por meio de perícia criminal, que irá avaliar ainda o valor total do superfaturamento. Ou seja, apesar de ter a certeza de que houve superfaturamento, a polícia ainda não sabe quem foram seus beneficiários. O delegado prometeu ainda terminar esse inquérito até o mês de dezembro.

O Grupo Leão e Leão informou, por meio de uma nota curta, "que está apurando as denúncias e atendendo às solicitações das autoridades competentes. Caberá ao Poder Judiciário pronunciar-se sobre os fatos".