Título: Juros recuam com a fala de Palocci
Autor: Lucinda Pinto e Mario Rocha
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/11/2005, Economia & Negócios, p. B14

As declarações do ministro Antonio Palocci à Comissão de Assuntos Econômicos do Senado trouxeram um certo alívio ao mercado financeiro. Depois de encerradas as negociações com juros futuros no pregão viva-voz, foi possível observar a reação no pregão eletrônico: o contrato de janeiro de 2007 chegou à mínima do dia, de 17,19% ao ano, ante 17,29% na segunda-feira. Na opinião dos operadores, Palocci foi convincente e conseguiu amenizar o clima de apreensão que dominou os negócios à tarde, o que não significa que o caso tenha sido encerrado. "A dúvida não foi totalmente dissipada e novos momentos de tensão podem vir", comentou um deles.

O mercado deve continuar sensível ao noticiário político, principalmente porque não está descartada a hipótese de substituição do ministro. Essa possibilidade não está totalmente precificada, e se ele deixar a Fazenda, um período de nervosismo será inevitável. Mas não abrirá uma crise, segundo os operadores.

Com a convicção de que a política econômica está assegurada, o mercado segue operando com a perspectiva de que a Selic continuará a cair nos próximos meses, e até discute se o corte do juro básico será acelerado a partir de março. Isso explica o fato de o contrato mais líquido ter sido o de abril de 2006, que projetou taxa de 17,44% ao ano, ante 17,69% na segunda-feira. Os contratos de prazo mais longo continuarão sensíveis aos eventos políticos.

Devido ao depoimento de Palocci, o Tesouro Nacional não colocou integralmente as ofertas de LTNs, NTN-Fs e LFTs no leilão de ontem, decisão considerada correta pelos operadores.

Na Bovespa, o movimento financeiro foi fraco, apenas R$ 1,251 bilhão, e o pregão foi bastante influenciado pelo depoimento de Palocci ao Senado.

Petrobrás PN foi o destaque do pregão da Bolsa paulista, com o maior volume financeiro do dia, somando R$ 110 milhões. O papel fechou com valorização de 2,93%, na cotação máxima do dia. E as ações ordinárias da estatal fecharam em alta de 3,03%.

Entre os motivos que provocaram a alta desses papéis estiveram a correção das quedas recentes, a alta do petróleo futuro no mercado internacional e a divulgação, pela empresa, da descoberta de óleo leve num poço terrestre na Bahia.