Título: Europeus descartam oferta feita pelo Brasil
Autor: Jamil Chade
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/11/2005, Economia & Negócios, p. B5

A frustração do chanceler Celso Amorim nas negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC) está sendo causada em parte pela recusa da Europa em responder a uma proposta feita pelo Itamaraty. O Brasil deu sinais de que poderia aceitar um corte de 50% em suas tarifas aduaneiras para produtos industriais, tema de interesse para os exportadores europeus. Mas condicionou essa abertura a uma liberalização da UE no setor agrícola, o que acabou não ocorrendo. Ontem, Bruxelas afirmou que não poderia aceitar a proposta brasileira, já que espera cortes mais profundos de 75% nos impostos de importação dos países emergentes. Por isso, não retrucaram com uma contraproposta agrícola, como esperava o Brasil. Peter Mandelson, comissário de Comércio da Europa, deixou a reunião ontem garantindo que não haverá uma nova proposta.

Pelos cálculos do governo, das 8 mil linhas tarifárias do País, 2,5 mil seriam cortadas pela proposta e a média de impostos cairia de 12% para 9,9%.

O Brasil ainda afirma que somente poderia fazer tal oferta se a UE aceitasse um corte médio de 54% em suas tarifas agrícolas para os produtos dos países em desenvolvimento. Bruxelas sugere uma redução de apenas 39%, o que não é aceitável pelo Brasil. "Estou preparado para fazer alguns movimentos, mas com alguns limites", disse Amorim.