Título: Cenário permite corte maior
Autor: Renée Pereira
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/11/2005, Economia & Negócios, p. B1

Uma aceleração da queda da Selic agora seria beneficiada pelo ótimo momento do cenário internacional, com elevada liquidez, explica o economista-chefe da LCA Consultores, Luis Suzigan. Segundo ele, um corte mais acentuado da taxa básica diminuiria a especulação dos estrangeiros no mercado futuro de forma gradual. Mas se o Banco Central (BC) decidir reduzir os juros a conta- gotas pode correr o risco de um movimento abrupto no câmbio. Isso porque, em quatro ou cinco meses, a taxa de juros americana já estará em nível mais atraente, considerando o aumento gradual de 0,25 ponto porcentual ao mês. Com isso, os investidores iriam preferir aplicar no mercado americano e provocaria um stress no câmbio brasileiro. Isso significaria risco de impacto inflacionário. "Acelerar a queda agora obrigaria várias instituições a desfazer posições em derivativos, mas o País ainda seria atrativo para investimento", diz Suzigan. "O Brasil não pode perder essa janela de oportunidade."

Mas, na opinião da economista da MB Associados, Monica Baer, a crise política envolvendo o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, deve fazer com que o Copom continue agindo de forma cautelosa. "O ministro passa por um fogo cruzado, que aumenta a incerteza do mercado. O Copom não vai reduzir mais agora e correr o risco de voltar atrás no mês seguinte."