Título: Suspeita atinge integrante da CPI dos Correios
Autor: Eugênia Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/11/2005, Nacional, p. A10

Comissão está preocupada com atuação de sub-relator do IRB, que já pediu quebra de sigilo de 35 pessoas sem relação com o caso

O presidente da CPI dos Correios, senador Delcídio Amaral (PT-MS), estuda acabar com a sub-relatoria que investiga irregularidades no Instituto de Resseguros do Brasil (IRB). A integrantes da CPI, Delcídio confidenciou que está preocupado com a atuação do sub-relator do IRB, deputado Carlos William (PMDB-MG), que insiste em apresentar requerimentos propondo a quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico de pessoas que não têm relação com a autarquia. Para evitar a aprovação das propostas de William, a CPI dos Correios desmarcou a sessão prevista para ontem de manhã para votar requerimentos. "Realmente tenho 35 requerimentos que não têm relação nenhuma com o IRB. Peço a quebra do sigilo de doleiros, corretoras e de fundos de pensão. Faço isso porque os demais integrantes da CPI devem ter se esquecido desses doleiros, corretoras e fundos de pensão", argumentou ontem William, que integra o grupo de Anthony Garotinho no PMDB.

William foi escolhido sub-relator do IRB depois de ter conseguido reunir as assinaturas necessárias para a criação de uma comissão para investigar eventuais falcatruas na autarquia. O deputado foi para a CPI a pedido do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que não queria uma quarta comissão no Congresso.

Ontem, integrantes da CPI dos Correios procuraram Calheiros para pedir sua interferência junto ao PMDB e, conseqüentemente, ao aliado de Garotinho. "Não estou na CPI apenas para trabalhar sobre o IRB. Quero me envolver em todos os assuntos. Além disso, todos os meus requerimentos são bem justificados", afirmou William. Entre os requerimentos que pretende ver aprovados, o deputado citou os que quebram o sigilo bancário, fiscal e telefônico da Agora Senior Corretora de Valores, Stock Máxima Sociedade Anônima e a Link Sociedade Anônima. Mas os integrantes da CPI querem analisar os pedidos com cautela para "não correr o risco de sermos desmoralizados", segundo um parlamentar da comissão.

A luz vermelha em relação à atuação de William acendeu depois que integrantes da CPI receberam reclamações do mercado financeiro. Interlocutores do mercado junto à comissão começaram a chamar a atenção para a falta de justificativa nas propostas de quebra de sigilos e de convocação de pessoas propostas pelo sub-relator. A cúpula da CPI entrou em alerta e, há duas semanas, nenhum documento sai da comissão sem a assinatura de Delcídio ou do relator, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR).

O IRB está sendo investigado pela CPI depois das denúncias de que a autarquia era obrigada a pagar mesada para o PTB do ex-deputado Roberto Jefferson (RJ).