Título: No grampo, empresário sugere que ela repita papel de viúva sofrida na TV
Autor: Rosa Costa
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/11/2005, Nacional, p. A8

As fitas nas quais a Polícia Federal grampeou conversas de pessoas da prefeitura de Santo André e de Ivone Santana aumentam as suspeitas sobre o papel que ela teria desempenhado na suposta montagem para impedir a identificação dos mandantes do assassinato do prefeito Celso Daniel. A certa altura ela aparece conversando com um homem, identificado pela polícia como sendo o empresário Sérgio Gomes da Silva. Ele elogia seu depoimento ao jornal Folha de S. Paulo e pede para repeti-lo no Programa da Hebe: "Tá dez, tá ótimo, não parece estrela, está a dor de uma viúva." Ivone diz que ficou com medo, porque não sabia no que ia dar e ele responde que ficou "demais, porque está na linha da dor". O homem identificado como Sombra diz que ela "tem de ir na Hebe porque está superlegal esta linha, não parece que você está escondendo". "Vai lá e fala que você tem saudades, vai lá e fala pi, pi, pi."

Em outro trecho das conversas, a voz identificada como do hoje chefe de gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho, a orienta sobre um depoimento à TV Globo. Em outro diálogo, Ivone sugere a Carvalho que obtenha para ela apoio financeiro de empresários, mas pede para ele não deixar vazar essa idéia, "não abrir muito".

Outro trecho do grampo mostra Klinger Luiz de Oliveira sugerindo a Carvalho: "Aconselho ela (Ivone) a ir na Hebe porque ela está com postura de viúva mesmo, eu acho que isso vai desmontando um pouco as coisas."

Outro interlocutor, identificado apenas como Ruy, fala com Ivone a respeito do depoimento sobre a roupa que Daniel usava no dia do seqüestro. Diz que está preocupado com a fita da secretária eletrônica de Daniel. Pede para ela recolhê-la.