Título: Palocci vai responder a denúncias na CAE
Autor: Cida Fontes
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/11/2005, Nacional, p. A7

Ministro da Fazenda acertou visita ao Senado com partidos da oposição

Para escapar da CPI dos Bingos, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, negociou ontem com o PFL e o PSDB seu comparecimento à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, na primeira terça-feira após o feriado do dia 15. Alvo de denúncias de corrupção, o ministro quer se livrar do clima inquisitorial da CPI e evitar mais desgastes que poderão comprometer sua permanência no cargo. Na conversa que teve, por telefone, com senadores da oposição, Palocci propôs ir à CAE para falar sobre a conjuntura econômica - e responder, também, a todas as denúncias sobre supostas irregularidades na prefeitura de Ribeirão Preto durante seu segundo mandato. Ao saber da intenção do relator da CPI dos Bingos, senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), de votar o requerimento de sua convocação, Palocci preferiu se antecipar aos fatos. Ele procurou primeiro o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA). Depois conversou com o líder do PFL no Senado, José Agripino (RN), que participava de um almoço com ACM e senadores do PSDB. Imediatamente, os dois pefelistas levaram a idéia aos tucanos, que concordaram. "Ninguém tem intenção de degolar o ministro", reagiu o senador Tasso Jereissati (CE), com uma postura mais tolerante em relação ao ministro.

O senador Antonio Carlos Magalhães concordou: "Palocci é uma figura importante na política econômica e não deve ser exposto a não ser em último caso." Em sua opinião, "o ministro não se furtará a responder a todas as dúvidas". "E ele está disposto a comparecer à CAE o mais rápido possível", afirmou o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP). Depois de falar com a oposição, Palocci telefonou também para o presidente da CAE, senador Luiz Otávio (PMDB-PA), e este aceitou de pronto. Embora a estratégia de Palocci seja esvaziar sua convocação na CPI, pefelistas e tucanos não afastam a possibilidade de, se necessário, convocá-lo depois dos depoimentos de seus ex-auxiliares na CPI dos Bingos.

Esse roteiro foi estabelecido pelos dois partidos porque eles não encontram, por enquanto, argumentos para interrogá-lo. Mas avaliam que a situação do ministro da Fazenda é delicada e, a cada dia, ele parece "menos ministro". "Ele está pequeno", avaliou um senador da oposição. Nos bastidores, os governistas acusam o PSDB paulista de vazar denúncias sobre o ministro para desgastar o governo e causar problemas econômicos de olho nas eleições de 2006. Para a oposição, a versão é outra: o desgaste do ministro origina-se do próprio governo, particularmente do grupo do PT ligado ao deputado José Dirceu (PT-SP). Ou seja, o chamado fogo amigo.