Título: 'Até paredes sabem do mensalão', diz Serra
Autor: Carlos Marchi
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/11/2005, Nacional, p. A4

Os dois presidenciáveis do PSDB - o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o prefeito da capital, José Serra, circularam juntos pelo Congresso ontem, em uma parceria com finalidade dupla. Além da ofensiva conjunta para tentar liberar verbas federais até o fim do ano e garantir recursos às obras prioritárias ao Estado e ao município no Orçamento de 2006, os dois uniram-se nas críticas ao governo e ao desempenho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na entrevista da véspera ao programa Roda Viva. "Até as paredes do Congresso sabem que existiu o mensalão", disse Serra em tom de ironia, referindo-se ao fato de Lula ter posto em dúvida o pagamento de mesada do PT a deputados governistas. "O presidente respondeu pouco e negou fatos comprovados", completou Alckmin, ao salientar que estão praticamente comprovados o mensalão, as fraudes em licitação e o reforço do caixa 2 do PT com recursos do Banco do Brasil. Diante da gravidade da crise, ele desdenhou das pesquisas eleitorais que apontam Lula como um forte candidato à reeleição.

"O povo não é bobo. Para ser reeleito, o governo tem que ser muito bom; não basta ser bom", disse Alckmin.

O governador insistiu na tese de que houve repasse de recursos para deputados. "Esse tipo de crime não tem recibo, mas houve comprovação. Se a forma de pagamento era mensal, bimensal ou semestral, isto não é importante", ponderou Alckmin, para quem Lula foi bem "na forma", e "fraco" no conteúdo. "Daqui a pouco o Lula vai dizer que quem descobriu o Brasil não foi o Pedro Alvares Cabral, foi ele. De repente ele aparece como o autor de tudo", criticou Serra.

O governador e o prefeito apresentaram quatro emendas, no valor de R$ 267 milhões. Todas foram acatadas pelos 70 deputados da bancada de São Paulo.