Título: 'Eu gosto do Clinton e ele do Bush. Gosto não se discute'
Autor: Carlos Marchi
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/11/2005, Nacional, p. A4

FHC elogiou o encontro de Lula com o presidente George W. Bush, mas concluiu o comentário com ironia: "Os dois têm boa química, um gosta do outro, qual é o mal que há nisso? Eu gostava do Clinton, ele gosta do Bush. Gosto não se discute..." Depois de se mostrar irritado com o jeito de Lula comentar cada passo do governo como se fosse "a inauguração do mundo", FHC respondeu às críticas às privatizações feitas durante seu segundo governo: foram tão bem-feitas e renderam tanto, afirmou, que nenhuma delas foi alvo de qualquer acusação formal: "O resto são insinuações que ele (Lula) gosta de fazer", completou.

Ele contou que o único problema foi a Telemar, porque alguns setores do governo achavam que o grupo vencedor não teria capacitação técnica para administrá-la. "Isso fez com que o BNDES ficasse lá até hoje", explicou FHC.

Por isso, explicou com uma ponta de malícia, a ligação da Telemar com o governo não é pela via dos fundos de pensão, mas através do BNDES. Nas entrelinhas, o ex-presidente mostrou que a Telemar tem uma linha direta com o governo e poderia ter havido influência na decisão da empresa de comprar uma fração acionária da empresa de Fábio Luiz Lula da Silva, filho de Lula, e ter exclusividade em sua produção, tudo por R$ 5 milhões.

FHC afirmou que "Lula não é bom de estatística" e contestou os números do atual presidente para a taxa de desemprego entre 1995 e 2002. "Ele repete estatísticas que não são corretas. Alguém precisa dizer para ele para prestar mais atenção naquilo que diz", cobrou.